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Centenas de detenções na Rússia durante protestos contra Putin

por Carlos Santos Neves - RTP
As autoridades russas detiveram pelo menos 121 manifestantes só no centro da capital, já depois de terem prendido Alexei Navalny, rosto da oposição a Vladimir Putin Maxim Shemetov - Reuters

Milhares de russos responderam esta segunda-feira ao apelo do número um da oposição a Vladimir Putin, Alexei Navalny, para uma jornada de protestos contra o que este descreve como uma corrupção galopante entre políticos e oligarcas do país. A polícia reagiu pela força. Só em Moscovo foram detidas mais de 200 pessoas - além do principal adversário político do Presidente, impedido de se juntar às marchas.

Quase três meses depois da última grande vaga de manifestações contra a governação de mão férrea de Vladimir Putin, largos milhares de russos, muitos deles jovens, preencheram agora as ruas de várias cidades do país. Em Moscovo, os manifestantes, que gritaram palavras de ordem como “A Rússia sem Putin”, ou “Liberdade para Navalny”, foram atingidos com granadas de gás lacrimogéneo, relataram testemunhas no local.


Em Moscovo acercaram-se mesmo do Kremlin, onde foram reprimidos por unidades antimotim.

As manifestações coincidiram com o feriado em que se assinala a proclamação da independência da Rússia em 1990, na antecâmara do colapso da União Soviética.

A polícia fez pelo menos 206 detenções em Moscovo, segundo as agências internacionais, e outras 500 em São Petersburgo, num balanço do Ministério do Interior. Houve também detenções, embora em menor número, em Vladivostok, no extremo-oriente da Rússia, Norilsk, a norte, e em Sochi, no sul.

Há um rosto que se está a tornar uma bandeira para estes movimentos de protesto: Alexei Anatolievich Navalny, o blogger ativista que, aos 41 anos e sob o estandarte do combate à corrupção nos círculos do poder, se propõe desafiar a hegemonia de Vladimir Putin na eleição presidencial de março de 2018.

O adversário político do Presidente russo figura esta segunda-feira entre os detidos. A polícia, denunciou a mulher, Yulia Navalny, levou-o à porta de casa, quando se preparava para rumar à manifestação no centro de Moscovo.



As autoridades confirmaram entretanto a detenção de Alexei Anatolievich Navalny, alegando a violação de regras sobre a organização de protestos e desobediência. O ativista foi sumariamente condenado a 30 dias de cadeia.
Com o Kremlin à vista

As autoridades haviam autorizado uma concentração na porção nordeste de Moscovo. Contudo, Navalny decidiu já esta segunda-feira alterar o itinerário da marcha, depois de alegadamente a câmara da cidade ter impedido os manifestantes de instalarem equipamento de som. A Human Rights Watch denunciou pressões sobre estudantes em algumas universidades. Terão sido ameaçados de expulsão, caso participassem nos protestos.

Os protestos acabaram por se fazer ouvir a algumas centenas de metros do Kremlin.

A 26 de março, Alexei Navalny surpreendeu a cúpula política russa com a mobilização de dezenas de milhares de pessoas para manifestações contra Putin.

Estas ações seguiram-se à publicação de um documentário que situava o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, à cabeça de um verdadeiro império imobiliário suportado por oligarcas.

A polícia deteve à data um milhar de pessoas, entre as quais o próprio Navalny, que permaneceu por duas semanas sob custódia das autoridades; sete pessoas ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva, por alegados atos de violência contra as forças de segurança.

A resposta das autoridades russas às manifestações já mereceram uma reação por parte da Casa Branca. O gabinete de Donald Trump condenou as detenções e apelou à libertação imediata dos manifestantes.
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