Milhares de russos responderam esta segunda-feira ao apelo do número um da oposição a Vladimir Putin, Alexei Navalny, para uma jornada de protestos contra o que este descreve como uma corrupção galopante entre políticos e oligarcas do país. A polícia reagiu pela força. Só em Moscovo foram detidas mais de 200 pessoas - além do principal adversário político do Presidente, impedido de se juntar às marchas.
Em Moscovo acercaram-se mesmo do Kremlin, onde foram reprimidos por unidades antimotim.
As manifestações coincidiram com o feriado em que se assinala a proclamação da independência da Rússia em 1990, na antecâmara do colapso da União Soviética.
A polícia fez pelo menos 206 detenções em Moscovo, segundo as agências internacionais, e outras 500 em São Petersburgo, num balanço do Ministério do Interior. Houve também detenções, embora em menor número, em Vladivostok, no extremo-oriente da Rússia, Norilsk, a norte, e em Sochi, no sul.
Há um rosto que se está a tornar uma bandeira para estes movimentos de protesto: Alexei Anatolievich Navalny, o blogger ativista que, aos 41 anos e sob o estandarte do combate à corrupção nos círculos do poder, se propõe desafiar a hegemonia de Vladimir Putin na eleição presidencial de março de 2018.
O adversário político do Presidente russo figura esta segunda-feira entre os detidos. A polícia, denunciou a mulher, Yulia Navalny, levou-o à porta de casa, quando se preparava para rumar à manifestação no centro de Moscovo.
As autoridades confirmaram entretanto a detenção de Alexei Anatolievich Navalny, alegando a violação de regras sobre a organização de protestos e desobediência. O ativista foi sumariamente condenado a 30 dias de cadeia.
Com o Kremlin à vista
As autoridades haviam autorizado uma concentração na porção nordeste de Moscovo. Contudo, Navalny decidiu já esta segunda-feira alterar o itinerário da marcha, depois de alegadamente a câmara da cidade ter impedido os manifestantes de instalarem equipamento de som. A Human Rights Watch denunciou pressões sobre estudantes em algumas universidades. Terão sido ameaçados de expulsão, caso participassem nos protestos.
Os protestos acabaram por se fazer ouvir a algumas centenas de metros do Kremlin.
A 26 de março, Alexei Navalny surpreendeu a cúpula política russa com a mobilização de dezenas de milhares de pessoas para manifestações contra Putin.
Estas ações seguiram-se à publicação de um documentário que situava o primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, à cabeça de um verdadeiro império imobiliário suportado por oligarcas.
A polícia deteve à data um milhar de pessoas, entre as quais o próprio Navalny, que permaneceu por duas semanas sob custódia das autoridades; sete pessoas ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva, por alegados atos de violência contra as forças de segurança.
A resposta das autoridades russas às manifestações já mereceram uma reação por parte da Casa Branca. O gabinete de Donald Trump condenou as detenções e apelou à libertação imediata dos manifestantes.
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