Charles Michel pronuncia-se sobre russos em fuga. "UE deve acolher aqueles que estão em perigo"
O presidente do Conselho Europeu admitiu, em entrevista à edição europeia do jornal Politico, ser favorável a uma abertura de portas da União Europeia a cidadãos russos que sejam objetores de consciência e recusem integrar a mobilização decretada pelo Kremlin para a guerra na Ucrânia. Charles Michel defende um quadro de "abertura àqueles que não querem ser instrumentalizados" por Vladimir Putin.
Esta tomada de posição do presidente do Conselho Europeu é conhecida 48 horas antes de uma reunião de emergência de embaixadores na UE, da qual se aguarda um conjunto de propostas de medidas e sanções adicionais contra a Rússia.Recorde-se que a União se decidiu recentemente pela suspensão do acordo de facilitação de vistos com a Rússia.
Na sexta-feira, diante da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente do Conselho Europeu aproveitou a sua intervenção para para denunciar o que descreveru como mentiras da Rússia sobre a Ucrânia.
Charles Michel garantiu que o Kremlin está a conduzir uma guerra híbrida que combina violência armada com "o veneno das mentiras".Numa outra entrevista, emitida pela BBC, o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, defendeu, por sua vez, a necessidade de uma "solução diplomática" para a guerra na Ucrânia que tenha por desfecho a preservação da "soberania" e da "integridade territorial" do país invadido pela Rússia.
"Este é um momento perigoso porque o Exército russo foi encurralado e a reação de Putin, ao ameaçar utilizar armas nucleares é muito má", fez notar Borrell.
O alto representante da UE insistiu numa solução diplomática. "Caso contrário, podemos acabar com a guerra, mas não alcançaremos a paz, porque teremos outra guerra", advertiu.
Ainda segundo Borrell, a UE deve continuar a apoiar as Forças Armadas da Ucrânia e a colocar em prática sanções contra o regime de Vladimir Putin.
"As pessoas no meu país dizem-me que o preço do gás significa que não podem continuar a trabalhar, não podem continuar a gerir os seus negócios", apontou o político espanhol, para deixar um apelo ao presidente russo no sentido da via diplomática: "Para dançar o tango, são precisos dois".
"Todos os que foram a Moscovo, ao Kremlin, para falar com Putin, voltaram com a mesma resposta: Eu tenho objetivos militares e se eu não atingir esses objetivos militares, continuarei com a guerra. Esta é certamente uma direção preocupante", completou.
c/ Lusa
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