Chilenos votam na substituição da Constituição da "era" Pinochet

por Mário Aleixo - RTP
Os chilenos festejaram a aprovação de uma nova Constituição Epa-Elvis Gonzalez

Os chilenos votaram no domingo de forma esmagadora a favor de uma nova Constituição para substituir a herdada da "era" do ditador Pinochet, num referendo realizado um ano após uma revolta popular contra a desigualdade social.

De acordo com os resultados de mais de 99% das mesas de voto, 78,28% votaram a favor de uma nova Constituição e 21,72% contra.

A taxa de participação foi de cerca de 50%, indicou a autoridade eleitoral.

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, pediu unidade no país na elaboração da "nova Constituição", numa discurso transmitido pela televisão.

"Até agora, a Constituição tem-nos dividido. A partir de agora, devemos todos trabalhar em conjunto para que a nova Constituição seja uma área de unidade, estabilidade e futuro", disse.

Dezenas de milhares de manifestantes eufóricos reuniram-se em várias praças de Santiago do Chile, incluindo a Plaza Italia, centro dos protestos do ano passado, para celebrar a vitória.

Aos 14,7 milhões de eleitores foi pedido que respondessem a duas perguntas: "Querem uma nova Constituição" e "Que órgão deve redigir a nova Constituição?".

Segundo os resultados de quase todas as mesas de voto, a opção de uma "Convenção Constituinte" composta apenas por cidadãos ganhou 79% dos votos, contra 21% para uma "Convenção Mista" composta por cidadãos e parlamentares.

Até à data, nenhuma tentativa de substituir a Constituição tinha sido bem sucedida
. Os constitucionalistas concordaram que o texto foi redigido de tal forma que as franjas conservadoras da sociedade podiam permanecer no poder, mesmo após o fim da ditadura.

A vitória de domingo significa "o abandono definitivo da sombra da ditadura no campo institucional", disse o cientista político da Universidade de Santiago Marcelo Mella.

O projeto da nova Constituição vai ser submetido a referendo em 2022.
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