China aplica sanções da ONU e veda importações da Coreia do Norte

por Carlos Santos Neves - RTP
A suspensão de importações foi confirmada pelo Ministério do Comércio da Coreia do Norte KCNA/ Reuters

O tradicional contraforte do regime de Pyongyang anunciou esta segunda-feira a suspensão de importações de ferro, chumbo e minérios destes metais, além de produtos do mar, provenientes da Coreia do Norte. A China põe assim em prática o último pacote de sanções aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A medida sancionatória de Pequim aplica-se já a partir de terça-feira, nos termos de um comunicado do Ministério chinês do Comércio: “Todas as importações de carvão, ferro, minérios de ferro e de chumbo, animais aquáticos e produtos do mar serão interditas”.
O regime norte-coreano ameaça disparar mísseis para as águas ao largo da ilha de Guam, sob a soberania dos Estados Unidos. O governador daquele território, Eddie Calvo, afiançou já esta segunda-feira que as autoridades locais “estão preparadas para o pior cenário”.

O Governo de Pequim sublinha tratar-se de um reflexo prático da Resolução 2371 da ONU. Este texto, adotado no passado dia 6 de agosto pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, enquadra o sétimo pacote de sanções internacionais ao regime de matriz estalinista.

A resolução responde aos sucessivos ensaios de mísseis intercontinentais da Coreia do Norte. Prevê-se que venha a privar Pyongyang de mil milhões de dólares em receitas anuais.

A China constitui o principal destinatário das exportações norte-coreanas. Só no ano passado absorveu 92 por cento dos produtos vendidos ao exterior pela metade setentrional da Península Coreana.

Na sequência da decisão do Conselho de Segurança, o Presidente dos Estados Unidos, envolvido, na primeira pessoa do singular, numa troca de ameaças com o regime de Kim Jong-un, afirmava na última quinta-feira que a China teria de “fazer muito mais” para pressionar os vizinhos norte-coreanos. Donald Trump estimava mesmo que as sanções não iriam além de um “efeito limitado”.

Pequim, que já fez saber que protegerá a Coreia do Norte se o primeiro ataque partir do Pentágono, tem repetido os apelos “à contenção”. Ademais, numa aparente resposta a Trump, o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros havia garantido nos últimos dias que o colosso asiático estaria pronto a aplicar “a 100 por cento” as sanções aos norte-coreanos.
Armas após diplomacia
Em Seul, onde se encontrou com o Presidente sul-coreano Moon Jae-in, Joseph Dunford, o equivalente norte-americano ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, quis garantir que as opções militares em preparação para a Coreia do Norte só poderão concretizar-se uma vez esgotada a via diplomática e das sanções económicas e financeiras.

Esta posição foi transmitida ao Presidente da Coreia do Sul durante uma reunião de aproximadamente uma hora, segundo Park Su-hyun, porta-voz do gabinete de Moon Jae-in.

Da agenda do general norte-americano fazem ainda parte encontros com o homólogo sul-coreano, Lee Sun-jin, e com o ministro da Defesa daquele país asiático, Song Young-moo. Joseph Dunford fará também escalas na China e no Japão.

O objetivo, aventou o Departamento de Defesa em Washington, é “tranquilizar os aliados e melhorar as relações entre os exércitos num período complicado para a região”.

c/ agências internacionais
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