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Chipre ultima controlo de capitais para evitar corrida aos bancos

por RTP
Katia Christodoulou, EPA

O Governo do Chipre está a ultimar medidas de controlo de capitais para impedir uma corrida dos depositantes aos bancos quando estes reabrirem as portas. O governador do Banco Central, Panicos Demetriades, diz que estão ser desenvolvidos “esforços sobre-humanos” para permitir a reabertura dos bancos na quinta-feira de manhã, após sucessivos adiamentos.

Segundo o governador do Banco Central, a principal dificuldade na reabertura dos bancos prende-se com a necessidade de garantir a solidez do Banco de Chipre, a principal entidade bancária do país, cujos depósitos superiores a 100 mil euros vão sofrer um corte calculado em 40 por cento.

O Banco de Chipre terá, além disso, de absorver o segundo maior banco da ilha, o Laiki Bank.
Confiança dos depositantes piora a cada dia
No caso dos outros bancos, “cada dia em que o sistema permanece encerrado baixa mais a confiança das pessoas que por esse motivo querem retirar o seu dinheiro”, explicou Demetriades. “Por isso, somos obrigados a aplicar restrições [aos movimentos de capitais]”, acrescentou o número um do Banco Central, garantindo de passagem que os controlos não serão demasiado severos.

Os bancos cipriotas estão encerrados desde 16 de março e os levantamentos estão limitados a 100 euros por dia nas caixas de multibanco, para evitar uma fuga maciça de capitais, sobretudo estrangeiros e na sua maioria russos.
Empresas e particulares têm falta de liquidez
A situação está a atingir duramente as empresas e particulares, que se veem privados de liquidez. Segundo a Câmara de Comércio cipriota, muitas empresas estão impossibilitadas de funcionar normalmente e algumas delas poderão ser rapidamente "empurradas para a falência”.

Embora o plano final da troika e do Governo de Nicósia apenas preveja um corte nos depósitos superiores a 100 mil euros, a medida originalmente pensada abrangia todos os depositantes e a confiança dos pequenos aforradores cipriotas parece ter ficado destruída.

“Todos os meses recebo cheques mas não vou depositá-los no meu banco. Como posso ter a certeza que eles os vão creditar na minha conta?”,  disse à France Presse o proprietário de uma pequena empresa gráfica.
Europeus temem repetição do "exemplo cipriota"
O Chipre aceitou uma redução drástica do seu setor bancário como contrapartida para receber da troika um pacote de assistência financeira no valor de dez mil milhões de euros, indispensável para evitar a falência do país. Mas a solução encontrada abriu um precedente que abalou a confiança do setor bancário por toda a União Europeia.

Os responsáveis europeus fazem declarações contraditórias e pouco contribuem para tranquilizar os depositantes.

Há dois dias, o chefe de fila do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, provocou uma queda das bolsas e da cotação do euro ao afirmar que a solução aplicada a Chipre poderia ser repetida noutros países. Confrontado com o efeito catastrófico das suas declarações, o mesmo responsável veio horas depois desdizer-se e insistir que o “o Chipre é um caso único”.

Um dos membros do conselho governativo do BCE, Benoit Coeuré, também veio a público tentar conter os danos, afirmando que a crise cipriota “tinha atingido dimensões que não são comparáveis às de nenhum outro país".
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