Cidade vizinha de Hong Kong anuncia contratação de 2.500 novos polícias

por Lusa
Gu Wei via Reuters

As forças de segurança de Shenzhen, na China, anunciaram hoje o lançamento de uma campanha de recrutamento de 2.500 polícias, numa altura em que a região vizinha de Hong Kong é palco de protestos antigovernamentais.

Segundo o anúncio, publicado pelo Gabinete de Segurança Pública de Shenzhen, e citado pela imprensa local, os novos oficiais serão encarregues de patrulhas de segurança por toda a cidade, visando a manutenção da ordem pública, prevenção e dissuasão de crimes.

Outros serão integrados em equipas de investigação de casos envolvendo crimes e ofensas económicas.

O anúncio aponta para salários mensais de pelo menos 10.000 yuan (1294 euros) e um bónus anual entre os 2.000 e 50.000 yuan (entre 260 e 6.470 euros).

Desde o verão, a polícia de Shenzhen tem realizado vários exercícios antimotim, face aos protestos que há seis meses abalam a região vizinha de Hong Kong, e que têm resultado em confrontos cada vez mais violentos entre manifestantes e polícia.

"Shenzhen dá hoje as boas-vindas a outra oportunidade na Área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau como cidade piloto de demonstração do socialismo com características chinesas. Ao escolher Shenzhen, escolhe infinitas possibilidades para o futuro", promete a campanha de recrutamento, lançada a nível nacional.

O anúncio ocorre no mesmo dia em que as manifestações levaram ao encerramento do parlamento de Hong Kong e ao reforço da segurança em vários pontos da cidade e nos campus universitários, com várias escolas a fecharem.

Muitas estações de metropolitano e de comboio foram encerradas depois de os manifestantes antigovernamentais terem bloqueado as entradas e vandalizado as instalações.

Quase uma centena de estudantes oriundos do continente chinês foram hoje transportados para Shenzhen, face aos confrontos, que se alargaram a alguns campus universitários. Só na segunda-feira, os confrontos causaram 128 feridos e mais de 260 detenções.

Na origem da contestação está uma proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, mas já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento local.

A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".

Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

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