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Clérigo iraquiano pede a apoiantes que abandonem protestos violentos em Badgade

por Lusa
Ahmed Jalil - EPA

O influente clérigo iraquiano Moqtada al-Sadr apelou hoje aos seus apoiantes para se retirarem da zona governamental de Bagdade, após quase 24 horas de confrontos com forças de segurança que provocaram dezenas de mortos.

Num discurso transmitido pela televisão, Al-Sadr deu uma hora aos seus apoiantes para se retirarem da Zona Verde, onde se situam a sede do Governo e o Parlamento, noticiou a agência norte-americana AP.

"Se não se retirarem da frente do Parlamento dentro de 60 minutos, deixarei de fazer parte da corrente sadrista", disse o líder num discurso de seis minutos na sua cidade natal de Najaf (sul), citado pela agência espanhola EFE.

Na sequência do apelo, os militares iraquianos anunciaram o levantamento do recolher obrigatório que tinha decretado a nível nacional, de acordo com a AFP.

A agência francesa noticiou também que os apoiantes de Al-Sadr começaram a abandonar a Zona Verde, onde estavam concentrados.

Os confrontos entre os apoiantes de Al-Sadr e as forças de segurança eclodiram depois de o clérigo populista ter anunciado a sua "retirada definitiva" da política, na segunda-feira.

As várias agências noticiosas têm indicado diferentes balanços dos confrontos, que variam entre 23 e 35 mortos, além de mais de duas centenas de feridos.

"Peço desculpa ao povo iraquiano, pois eles são os únicos prejudicados pelo que está a acontecer", disse o líder xiita.

Al-Sadr disse estar "triste e cansado" pelo que está a acontecer no Iraque e que todos os que iniciaram e participaram na violência "estarão no inferno".

"A revolução que foi manchada pela violência não é uma revolução", acrescentou Al-Sadr.

Os confrontos envolveram a milícia sadrista Saraya Salem, que já usou uma série de armas, incluindo morteiros e granadas propulsionadas por foguetes, disseram dois oficiais de segurança citados pela AP.

Os militares iraquianos disseram que quatro foguetes foram lançados para a Zona Verde, fortemente fortificada.

As milícias de Al-Sadr também tomaram alguns quartéis-generais de grupos rivais apoiados pelo Irão, nas províncias do sul.

Devido à violência, o Irão encerrou hoje as fronteiras terrestres com o Iraque.

As autoridades de Teerão pediram aos iranianos que evitem qualquer viagem para o Iraque.

Aconselharam ainda os peregrinos xiitas do Irão no Iraque a evitar deslocações entre cidades.

Também o Kuwait exortou os seus cidadãos no vizinho Iraque a deixar o país e os que iam viajar a adiar a deslocação.

Os Países Baixos evacuaram a sua embaixada na Zona Verde, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wopke Hoekstra, numa mensagem na rede social Twitter.

"Há combates em torno da embaixada em Bagdade. O nosso pessoal está agora a trabalhar na embaixada alemã e noutros locais da cidade", escreveu Hoekstra, segundo a AP.

A companhia aérea Emirates, do Dubai, suspendeu hoje os voos para Bagdade devido à violência no Iraque, sem indicação de quando serão retomados.

O Iraque vive uma crise política desde que as eleições legislativas de outubro de 2021 deram a vitória ao partido sadrista, mas com apenas 73 lugares nos 329 do Parlamento.

O partido de al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.

Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho.

A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.

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