CNRT de Xanana Gusmão decide hoje candidato presidencial em Timor-Leste

por Lusa

Cerca de 1.700 delegados do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) estão hoje reunidos em Conferência Nacional para escolher qual o candidato a apoiar pelo partido às presidenciais de 19 de março.

O encontro, o de maior dimensão do partido em vários anos, decorre num dos maiores salões de conferências da cidade, reunindo representantes de todo o país.

Falando na abertura, Virgílio Smith, vice-presidente do CNRT e responsável da comissão organizadora da conferência disse que estão no congresso cerca de 1.700 delegados, entre quadros das várias estruturas do partido, delegados municipais e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e líderes comunitários.

Ao longo do dia, os delegados vão debater os critérios que o candidato presidencial deve cumprir e, depois, deliberar sobre a candidatura em si.

O presidente do partido, Xanana Gusmão, que lidera o encontro, apresentará ao plenário uma proposta concreta para o candidato que o CNRT deve apoiar, com fontes do partido a indicarem que um dos nomes fortes é o ex-Presidente José Ramos-Horta.

"O presidente do partido levará uma proposta e haverá oportunidade para a expressão de opiniões dos delegados, de aceitação ou discordância. A decisão final deverá ser tomada por aclamação", explicou Smith.

Grande parte dos trabalhos decorrem à porta fechada, com a agenda a prever debates sobre "questões internas do partido" e em que deverão intervir representantes de cada órgão do partido, a nível nacional e dos municípios.

A decisão será depois anunciada na sessão final do plenário, aberta ao público e durante a qual se prevê a "participação do candidato nomeado", antes de uma conferência de imprensa.

Smith confirmou que José Ramos-Horta é um dos convidados a participar na reunião, explicando que foram igualmente convidados "outros movimentos".

A questão da candidatura presidencial tem sido debatida amplamente nas estruturas do CNRT, sendo um dos temas na agenda das dezenas de conferências subnacionais do partido.

Ainda que com maior peso, a candidatura de José Ramos-Horta, ex-Presidente da República, não é consensual, com muitos a questionarem o facto de o partido nunca ter apoiado um candidato dos seus quadros.

Um dos membros da CPN ouvidos pela Lusa explicou que desde que o CNRT foi criado em 2007 sempre apoiou candidatos que não são do partido "e que depois de eleitos nem sequer cumprem promessas e acordos".

"Respeitamos Xanana Gusmão como líder do partido, e ele tem a prorrogativa de dizer o `sim` final, mas temos que internamente discutir isto e definir bem os critérios", sublinhou.

Em 2007, membros do partido e o próprio presidente, Xanana Gusmão, apoiaram a candidatura de Ramos-Horta, tendo apoiado cinco anos depois a de Taur Matan Ruak e, há cinco anos, a do atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo.

"José Ramos-Horta é uma possibilidade forte, mas não há qualquer certeza", explicou à Lusa um dos dirigentes do partido.

A primeira volta das eleições presidenciais decorre a 19 de março, com o período de registo de candidaturas a decorrer até 04 de fevereiro e a campanha a realizar-se entre 02 e 16 de março.

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