Coabitação com presidente do PAIGC não seria boa para a Guiné-Bissau explica PR

por Lusa

O chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, explicou que não nomeou Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, para o cargo de primeiro-ministro, porque a coabitação não seria boa para nenhum dos dois, nem para o país.

"Foi essa a preocupação tendo em conta a situação do povo, do país, os desafios, senti que a coabitação entre os dois não seria boa nem para mim, nem para ele, nem para o país. A política significa servir os outros, estamos aqui para servir o país, se não estamos aqui para servir o país e estamos para conflitos permanentes, significa que não vale a pena", afirmou José Mário Vaz, em entrevista à Lusa e à RTP.

Salientando não ter qualquer problema pessoal com o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), José Mário Vaz disse que ficou preocupado com o aconteceu na legislatura anterior.

"Ele foi primeiro-ministro da Guiné-Bissau, as coisas não correram bem, porque não conseguiu resolver os problemas, os desafios que se colocavam ao país, e nem notámos algum sinal que pudesse contribuir para termos alguma esperança no futuro", afirmou.

O Presidente guineense demitiu Domingos Simões Pereira do cargo de primeiro-ministro em 2015, alegando nepotismo e corrupção, depois de o PAIGC ter vencido as eleições legislativas de 2014, dando início a uma crise política no país, que levou ao encerramento do parlamento por três anos.

Para José Mário Vaz, aquela foi a base para a sua decisão e para não voltar a colocar o país numa situação difícil.

"Não se trata de questões pessoais, trata-se de questões políticas", sublinhou.

O Presidente guineense alega também que outra razão para não ter nomeado Domingos Simões Pereira está relacionada com determinadas afirmações, que o deixaram um "bocado preocupado", referindo-se a um protesto que decorreu em Bissau e em que o presidente do PAIGC pediu aos militares para "abrirem alas" para as pessoas chegarem ao Palácio da Presidência.

"Os dois (chefe de Estado e primeiro-ministro) são importantes para o futuro do país e não havendo entendimento entre os dois torna-se difícil realmente fazer avançar o país", disse.

O PAIGC voltou a vencer as eleições legislativas realizadas em 10 de março e indicou o nome de Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro, mas José Mário Vaz recusou, alegando questões éticas.

O partido acabou por indicar o nome de Aristides Gomes, que já ocupava o cargo.

Na sequência daquela decisão, o presidente do PAIGC acusou o Presidente de alegada tentativa de golpe de Estado.

"Eu dar indicação para fazer um golpe de Estado. A quem vou dar um golpe de Estado", questionou José Mário Vaz.

Questionado sobre se são os militares ou os políticos os responsáveis pela instabilidade na Guiné-Bissau, o chefe de Estado guineense salientou que chegou à conclusão que são os políticos.

"No contencioso ou nos problemas entre nós vamos buscar os militares para dirimir os conflitos. Os militares deram um exemplo. Os políticos estão na base de tudo isto e hoje depois de cinco anos do meu mandato com paz civil e tranquilidade interna ninguém vê os militares a andar com armas nas ruas e nós políticos é que temos problemas entre nós", afirmou.

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