Colômbia violenta. Centena e meia de activistas foram assassinados em 2021

por RTP
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Defensores das comunidades rurais, membros de grupos indígenas e sindicalistas – o ano de 2021 fez pelo menos 145 vítimas na luta pelos Direitos Humanos na Colômbia, de acordo com o provedor de Justiça, Carlos Camargo. Apesar da dimensão dos números, regista-se aqui uma descida face aos 182 activistas assassinados em 2020 na sua maioria às mãos de grupos armados, o que faz da Colômbia um dos países mais perigosos para os defensores dos Direitos Humanos.

As ONG internacionais vêem a Colômbia como um dos países mais perigosos do mundo para os activistas. De acordo com o relatório da Global Witness, o país é actualmente o mais perigoso quando falamos de ambientalistas. No ano de 2020 apenas, foram assassinados 65 destes defensores do planeta.

Entre as vítimas de 2021 estão 32 membros das comunidades indígenas, 16 activistas pelos direitos das comunidades rurais e agrícolas e sete sindicalistas.

Numa declaração esta segunda-feira, o provedor Carlos Camargo repudiou “estes actos que são na sua maioria levados a cabo por milícias armadas ilegais”.

Estando “em paz” desde 2016, ano em que foi assinado um acordo de paz com as FARC, o país tem, por outro lado, sido o terreno perfeito para o recrudescer da violência armada face à disputa por certos recursos e determinadas áreas entre combatentes dissidentes das mesmas FARC, do grupo rebelde ELN, de forças paramilitares e dos cartéis de droga.

Luta pelo território

Os assassinatos de 2021 ocorreram na sua maioria em áreas territoriais alvo de disputa por grupos rivais que mantêm a luta por milhares de quiometros quadrados de terrenos usados para a cultura da droga e mineração ilegal.

O executivo do presidente Ivan Duque procura lavar as mãos desta lista de mortes, responsabilizando os traficantes de droga do país, que é o maior produtor de cocaína do mundo. Procura, dessa forma, esconder a violência empregue pelo seu governo contra os activistas dos Direitos Humanos.

Por exemplo, em Maio do ano passado, os protestos de que foi alvo foram neutralizados nas ruas com uma repressão brutal da polícia e dos militares: mais de 60 pessoas foram mortas ao longo de semanas de confrontos, uma acção que mereceu a condenação das Nações Unidas, União Europeia, Estados Unidos e organizações internacionais dos Direitos Humanos.

“Força desnecessária e desproporcional”, pode ler-se num relatório do alto-comissionário para os Direitos Humanos da ONU. São 63 páginas em que as forças de segurança colombianas são acusadas de assassínio, detenções arbitrárias, violência sexual e de género e atos de discriminação e racismo.
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