Comandante militar russo baleado enquanto recrutava para a guerra na Ucrânia
Um jovem russo disparou contra um comandante militar enquanto este recrutava residentes para a guerra na Ucrânia. “Ninguém vai para a guerra. Agora vamos todos para casa”, terá dito o atirador. O ataque desta segunda-feira reflete um aumento das tensões na Rússia face à mobilização de reservistas para a guerra anunciada por Vladimir Putin.
“Ninguém vai a lugar nenhum”, disse Zinin momentos antes de disparar, segundo testemunhas. “Ninguém vai para a guerra. Agora vamos todos para casa”, acrescentou.
Mobilized man killed a drafting office commander in Ust-Ilimsk, Irkutsk region, Russia.
— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) September 26, 2022
Alexandr Yeliseev, the commander, was shot four times almost point blank.
The murderer is Ruslan Zinin, born in 1997, "partially mobilized". He decided jail is better than death in Ukraine. pic.twitter.com/s0IvHJZJBO
Segundo a mãe do atirador - também ele convocado - o seu melhor amigo foi recrutado para a guerra apesar de nunca ter servido no exército, o que motivou a sua raiva.
Zinin foi detido e as autoridades russas prometeram punições severas. As autoridades locais avançaram que o comandante militar estava nos cuidados intensivos.
O governador regional de Irkutsk, Igor Kobzev, escreveu no Telegram que o comandante militar estava em estado grave no hospital e afirmou que o atirador será “certamente punido”.
“Tenho vergonha que isto esteja a acontecer num momento em que, pelo contrário, devíamos estar unidos”, escreveu o governador. “Devemos lutar não uns contra os outros, mas contra ameaças reais”, sublinhou.
Onda de protestos e fuga em massa
O ataque desta segunda-feira reflete um aumento das tensões e a forte oposição dos cidadãos russos à mobilização parcial anunciada pelo presidente Vladimir Putin.
Os últimos dias têm sido marcados por intensos protestos em várias cidades russas depois de o Kremlin ter anunciado, na semana passada, uma mobilização parcial – a primeira desde a Segunda Guerra Mundial – para reforçar as forças russas na Ucrânia com pelo menos 300 mil soldados. Estima-se que pelo menos duas mil pessoas tenham sido detidas nos últimos dias por protestarem contra a mobilização de reservistas.
Também esta segunda-feira, um homem pegou fogo a si próprio enquanto gritava que não queria participar na guerra.
Enquanto isso, milhares de russos tentam fugir do país para escapar à mobilização, formando filas de vários quilómetros nas fronteiras.
Perante a forte resistência, Putin endureceu as penas para quem fugir da mobilização militar para até dez anos de prisão.
Recrutas russos chegam à Ucrânia sem qualquer tipo de treino
Os primeiros grupos de tropas russas recentemente mobilizadas por Moscovo já começaram a chegar às bases militares, segundo avançou o Ministério da Defesa do Reino Unido.
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia afirmou que alguns recrutas russos estão a ser enviados diretamente para as linhas de frente sem qualquer tipo de preparação.
Homens recentemente mobilizados por funcionários pró-russos na Ucrânia também estão a ser preparados para serem enviados para a linha de frente, incluindo residentes recém-convocados na Crimeia, bem como recrutas na região de Lugansk que receberam convocações nos últimos dias.
O Ministério da Defesa britânico disse que muitos destes recrutas provavelmente receberão pouco treino e enfrentarão “altos níveis de desgaste” quando destacados.
“A falta de instrutores militares e a pressa com que a Rússia iniciou a mobilização sugerem que muitas das tropas [russas] convocadas serão enviadas para a linha de frente com o mínimo de preparação necessária”, disse a Defesa britânica.
c/agências