"Comentários irresponsáveis". China rejeita acusação da NASA de que pretende dominar a Lua

por RTP
Joe Skipper - Reuters

A China criticou esta segunda-feira a acusação do diretor da NASA de que Pequim pode assumir o controlo da Lua como parte de um programa espacial militar. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China rejeitou os “comentários irresponsáveis” da NASA e acusou os EUA de estarem a construir “uma campanha de difamação” contra a China.

Tendo em conta a aceleração do ritmo do programa espacial chinês na última década, o diretor da NASA, Bill Nelson, mostrou-se preocupado com as ambições espaciais da China.

Em entrevista ao jornal alemão Bild, publicada no sábado, Nelson alertou para a possibilidade de Pequim vir a dominar a Lua. “Devemos ficar muito preocupados com o facto de a China vir a pousar na Lua para depois dizer: agora é nossa e vocês ficam de fora”, disse o diretor da agência espacial americana.

“Há uma nova corrida espacial. Desta vez, com a China”, acrescentou Nelson, afirmando que o programa espacial da China é militar e que Pequim roubou ideias e tecnologia de terceiros. Questionado sobre qual o propósito militar da presença da China no espaço, o diretor da NASA respondeu: “Bem, o que acham que está a acontecer na estação espacial chinesa? Estão a aprender a destruir os satélites dos outros!”.

A China respondeu esta segunda-feira a Bill Nelson e rejeitou as suas acusações, apelidando os comentários do diretor da NASA de “irresponsáveis”.

"Esta não é a primeira vez que o chefe da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA ignorou os factos e falou de forma irresponsável sobre a China", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian.

"Os EUA constantemente construíram uma campanha de difamação contra os esforços normais e razoáveis da China no espaço sideral, e a China opõe-se firmemente a tais comentários irresponsáveis", acrescentou.

Lijian sublinhou ainda que a China sempre promoveu a construção de um futuro partilhado para a humanidade no espaço sideral e se opôs ao seu armamento e a qualquer corrida armamentista no espaço.

A China, que acelerou o ritmo do seu programa espacial na última década, fez da exploração do satélite natural da Terra um dos principais focos. Em 2013, Pequim realizou a primeira alunagem sem tripulação e está a planear enviar astronautas à Lua até ao final desta década.

Em janeiro de 2019, a China tornou-se o primeiro país a pousar um módulo no lado oculto da Lua e no mês passado lançou um foguetão com três astronautas chineses a bordo para a sua estação espacial em construção.

A guerra de palavras entre Washington e Pequim ocorre numa altura em que a NASA também lançou um programa de exploração lunar chamado Artemis. O objetivo do programa é enviar uma missão tripulada para orbitar a Lua em 2024 e fazer um pouso tripulado perto do polo sul lunar até 2025.
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