O congresso do Partido Conservador britânico termina esta quarta-feira em Birmingham com a intervenção da primeira-ministra Liz Truss, líder dos "tories" desde setembro e que enfrenta, pela primeira vez, uma reunião magna da sua força política que vive fortes divisões internas.
Após uma onda de críticas ao pacote de cortes fiscais, num momento de forte inflação e risco de entrada da economia em recessão, o ministro das Finanças britânico, Kwasi Kwarteng, reconheceu, na segunda-feira, que o pacote de cortes fiscais que tinha apresentado há 10 dias causou uma “pequena turbulência”, prometendo acabar com as “distrações” e concentrar-se no crescimento da economia.
No dia anterior, numa entrevista à estação pública BBC, Liz Truss admitiu que deveria ter “preparado melhor o terreno” antes de anunciar os cortes maciços de impostos, que provocaram o caos nos mercados financeiros, mas defendeu as medidas.
Militantes e deputados manifestaram-se irritados com a repercussão do “mini-orçamento” de 23 de setembro nos mercados financeiros, afundando o valor da libra esterlina e fazendo disparar os juros da dívida pública.
Figuras conhecidas do partido, como os antigos ministros das Finanças Rishi Sunak e Sajid Javid, bem como o presidente da Comissão Parlamentar das Finanças, Mel Stride, disseram que não pretendiam assistir ao congresso, refletindo o descontentamento dentro do partido.
Os acontecimentos dos últimos dias tiveram repercussões na perceção dos "tories" (conservadores) junto da população britânica, com uma sondagem publicada no jornal The Times a dar ao Partido Trabalhista uma vantagem de 33 pontos percentuais, algo inédito e que é uma evidência da impopularidade do partido no poder há 12 anos.
Outra sondagem do instituto YouGov mostrou que 51% dos britânicos pensam que Liz Truss, no cargo há menos de um mês, devia demitir-se, incluindo 36% dos eleitores conservadores.