Consenso de partidos palestinianos para acusar Israel de "crimes de guerra"

por RTP
Em resposta aos ataques de Israel, o grupo palestiniano lançou dezenas de rockets contra território israelita Mohammed Salem - Reuters

Em resposta à operação israelita desta terça-feira, uma alta funcionária da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hanan Ashrawi, considerou que "estes atos constituem crimes de guerra pelos quais Israel tem de responder". Ashrawi sublinhou que Israel está a "lançar um ataque ao povo palestiniano". Depois de ter retaliado com o lançamento de rockets, a Jihad Islâmica considera que ainda é "prematuro" falar sobre mediação.

“O regresso de Israel à política ilegal e criminosa de assassínios extrajudiciais e o seu desrespeito pelas vidas da população palestiniana é imprudente e criminoso”, começou por dizer Hanan Ahsrawi, citada por The Jerusalem Post.

A alta funcionária da OLP argumentou que o “exército israelita está a lançar um ataque ao povo palestiniano” e que “estes atos constituem crimes de guerra pelos quais Israel tem de responder”.Hanan Ashrawi condena os dois ataques lançados esta terça-feira por Israel que visaram líderes da organização da resistência palestiniana Jihad Islâmica. A operação culminou com a morte de Baha Abu al-Ata, um alto comandante da Jihad Islâmica.

Dirigindo-se ao primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, Ashrawi acusou-o de “explorar a cultura da impunidade para cometer crimes descontrolados e provocar uma grande escalada de violência para pequenos ganhos políticos e pessoais”.

Em resposta aos ataques de Israel, o grupo palestiniano lançou dezenas de rockets contra território israelita, com projéteis a alcançar Telavive.

De acordo com a agência Reuters, para além de al-Ata, quatro outras pessoas morreram durante o primeiro ataque aéreo em Gaza, incluindo a sua mulher e duas crianças que se supõe que sejam seus filhos. Pelo menos 27 pessoas ficaram feridas.

No segundo ataque, que ocorreu em Damasco, na Síria, o alvo era um outro líder da resistência palestiniana. Segundo a Jihad Islâmica, Akram al-Ajouri sobreviveu ao ataque em que foram vitimadas duas pessoas, uma delas o seu filho.

Em Israel, estima-se que não existam vítimas mortais até ao momento, apenas alguns civis com ferimentos leves.
“É prematuro falar em mediação”
Depois de a União Europeia ter apelado ao fim da escalada de violência, dirigentes da Jihad Islâmica consideram que ainda é “prematuro” falar sobre mediação.

“É prematuro falar sobre esforços de mediação ou cessar-fogo antes que o sangue dos nossos mártires seque”, disse Musab al-Braim, porta-voz da Jihad Islâmica.

O líder da Jihad Islâmica, Khaled Al-Batsh, considera que os ataques de Israel são uma “declaração de guerra”.

Esta terça-feira, a porta-voz da Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini, apelou a um cessar-fogo entre israelitas e palestinianos “para salvaguardar as vidas e a segurança de civis”.

“Tal como a UE tem vindo constantemente a reiterar, apenas uma solução política pode pôr fim aos sucessivos ciclos de violência”, declarou a porta-voz em comunicado.
Israel cruzou a “linha vermelha”
O Hamas também se pronunciou sobre os ataques israelitas. O porta-voz do movimento islâmico, Fawzi Barhoum, considera que Israel cruzou a “linha vermelha” e que a operação é uma “escalada perigosa e uma continuação da agressão e crimes contra o povo e a resistência palestiniana”.

“Israel arca com todas as responsabilidades pelas consequências desta escalada de violência”, acrescentou o Hamas, asseverando que a morte de Al-Atta “não ficará impune”.

Israel, por seu lado, argumenta que realizou esta operação porque “não tinha alternativa”.

Netanyahu referiu-se a Baha Abu al-Ata como uma “bomba-relógio”, argumentando que o comandante da Jihad Islâmica estava a planear um novo ataque contra Israel. O primeiro-ministro israelita assegurou que “Israel não está interessado numa escalada de violência”, mas que fará “tudo o que for preciso” para se proteger.

c/Agências
Tópicos
pub