Conservadores prontos a propor uma moção de censura a Theresa May

por Graça Andrade Ramos - RTP
Theresa May a sair do nº10 de Downing Street Reuters

Os deputados conservadores estarão prontos a desencadear uma moção de censura à liderança da primeira-ministra britânica do próprio partido. Theresa May poderá ser derrubada se 158 dos seus deputados votarem contra ela.

A notícia foi dada pela vice-editora de política da Sky News. Beth Rigby afirmou na rede social Twitter que as suas fontes estão confiantes de que já foram submetidas cartas de não confiança em May em número suficiente para desencadear a moção de censura à primeira-ministra. A sigla ERG designa os deputados eurocépticos na Câmara dos Comuns.

"As minhas fontes do ERG estão muito confiantes agora de que o gatilho 48 foi alcançado", escreveu Rigby.

A proposta de impugnação da líder é desencadeada se 48 conservadores escreverem cartas nesse sentido ao presidente do Comité 1922 do partido, atualmente Graham Brady.
"Claro de Sir Graham não o irá anunciar enquanto a primeira-ministra estiver fora do país - e já passamos por isto. Mas o ânimo está a endurecer", disse Rigby.

A moção de confiança a Theresa May em debate é como líder do Partido Conservador, não enquanto primeira-ministra. Se for afastada da liderança do partido, May deverá, contudo, demitir-se da chefia do Governo.
Westminster a ferver

A questão está a agitar Westminster. Os rumores sucedem-se, com deputados a afirmar que o limiar de 48 cartas já foi alcançado e outros a garantirem que Sir Graham não está a preparar nenhum anúncio sobre as 48 cartas.

Iain Duncan Smith, o deputado conservador que defende o Brexit e antigo líder do partido, afirmou à ITV que detetou uma "mudança de espírito" no partido. Theresa May já veio dizer que não está a par da existência de cartas em número suficiente para pôr em causa a sua liderança dos conservadores.

De acordo com uma publicação do jornalista da ITV Daniel Hewitt, no Twitter, Duncan Smith disse-lhe estar ao corrente de deputados que nas últimas 24 horas decidiram apresentar cartas a favor de um voto de não confiança em Theresa May como líder do partido.

"Detetei nas últimas 24h que as pessoas decidiram que isto não vai resultar... e aqueles que ainda não apresentaram cartas estão a dizer abertamente que o vão fazer", citou Hewitt.

Paul Brand, também da ITV, foi mais prudente. Afirmou que um deputado que já enviou a sua carta "sabe" de quatro outros que enviaram as suas missivas esta terça-feira.
"Mas estejam atentos a quem está a falar e aos seus possíveis motivos. Acreditarei nas 48 cartas quando Sir Graham disser que as tem", alertou Brand.
Périplo por garantias
Theresa May adiou a votação do acordo sobre o Brexit, prevista para esta terça-feira, já que a sua derrota era certa. O Governo de May está agora a ser acusado de não respeitar os deputados.

A primeira-ministra preferiu realizar um périplo de encontros com vários líderes europeus, para tentar obter “garantias adicionais” sobre os termos acordados para a questão da fronteira aduaneira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte .

Para quarta-feira está ainda marcado um encontro com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, em Dublin.

Theresa May tomou o pequeno-almoço com o primeiro-ministro holandês em Haia e encontrou-se depois com a chanceler alemã em Berlim. Para o final da tarde tem marcada uma reunião com o presidente da Comissão Europeia em Bruxelas, Jean-Claude Juncker.
Bruxelas descarta renegociação
O porta-voz da primeira-ministra britânica afirmou depois que o encontro com Merkel foi "positivo" e que tanto a chanceler como a chefe do Governo do Reino Unido concordaram em manter-se em contacto para conseguir fazer aprovar o acordo do Brexit.

Merkel disse também a May que o Brexit não irá ser renegociado.

O mesmo disse o presidente da Comissão Europeia perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

"O acordo que conseguimos é o melhor possível. É o único acordo possível. Não há espaço para renegociação”, declarou Jean-Claude Juncker.

Jucker disse ainda estar "espantado" com a falta de capacidade da primeira-ministra para fazer aprovar no Parlamento britânico o acordo de saída, concluído com a União Europeia no mês passado.
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