Consulado Geral de Portugal em Bordéus reduz tempo de espera de documentos para metade

por Lusa

O cônsul-geral de Portugal em Bordéus, Mário Gomes, diz que o tempo de espera para uma marcação de renovação do cartão de cidadão é agora de mês e meio, esperando que o centro de atendimento telefónico fique ativo para esta região até ao final de 2022.

"O Consulado Geral de Bordéus foi afetado pela situação da pandemia e a verdade é que os prazos foram progressivamente aumentando. Tivemos uma altura em que para que se conseguir uma marcação para a renovação do cartão do cidadão eram três meses, felizmente temos tido um investimento muito forte para reforçar o quadro do pessoal, de desburocratizar os atos consulares e conseguimos diminuir os prazos de espera. Hoje quem fizer uma marcação, daqui a mês e meio consegue renovar o cartão do cidadão", declarou Mário Gomes, cônsul-geral de Portugal em Bordéus, em entrevista à Agência Lusa.

Este consulado-geral abrange os departamentos franceses de Charente, Charente-Maritime, Dordogne, Gironde, Landes, Lot, Lot-et-Garonne e Pyrénées Atlantiques, com o diplomata a estimar que existam entre 150 a 175 mil portugueses mono nacionais ou com dupla nacionalidade nesta região. Segundo Mário Gomes, os portugueses são a comunidade estrangeira residente mais numerosa em todos esses departamentos.

De forma a reforçar a estrutura, que tem atualmente 11 funcionários, o Centro de Atendimento Consular que até agora só serve o Consulado Geral de Paris deverá alargar a sua ação até ao final do ano de 2022, servindo Bordéus e os outros consulados em França.

"A perspetiva é que o centro de atendimento consular para Fraça possa cobrir todo o território francês até ao final do corrente ano", afirmou Mário Gomes, indicando que essa é uma mudança positiva já que atualmente o consulado consegue atender 80 chamadas por dia, mas que recebe muitas mais do que aquelas que consegue atender.

Quanto ao ensino de português na região, Mário Gomes diz que escasseiam os professores de ensino primário, colocados em França pelo Instituto Camões, e que isso cria um efeito em que no ensino básico e secundário, responsabilidade do Estado francês, há menos interesse pela língua.

"Nós temos alguma dificuldade em assegurar o ensino do português ao nível do ensino primário porque neste momento o número de professores está sobretudo concentrado nas áreas onde há mais portugueses, que é, naturalmente, na região de Paris. Nós acabamos por ser um pouco deficitários e a diminuição da oferta leva à diminuição da procura e isso é um fenómeno que depois tem reflexos ao nível do ensino básico e secundário que tem é da responsabilidade do Estado francês", explicou.

No entanto, há boas notícias com a abertura do ensino de português numa escola de ensino básico em Cenon, uma cidade junto a Bordéus que conta com uma grande comunidade portuguesa. 

Para Mário Gomes ser cônsul-geral de Portugal em Bordéus tem uma responsabilidade acrescida devido ao simbolismo deste posto após ter sido ocupado por Aristides de Sousa Mendes e onde a partir daqui milhares de pessoas foram salvas durante a Segunda Guerra Mundial devido aos vistos emitidos pelo cônsul português.

"É uma responsabilidade porque Aristides de Sousa Mendes ficará para sempre associado ao posto. Ele teve uma ação heroica em 1940 na sua qualidade de cônsul de Portugal em Bordéus, portanto, de uma forma ou de outra, o Consulado-Geral fica sempre associado a essa figura que eu considero um dos grandes patrimónios que nós temos no nosso Ministérios dos Negócios Estrangeiros", concluiu.

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