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Consulta popular na Venezuela faz um morto e três feridos graves

por Sandra Salvado - RTP
Carlos Garcia Rawlins - Reuters

Mais de 7,1 milhões de eleitores votaram este domingo numa consulta simbólica contra o projeto de Assembleia Constituinte, promovido pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, num dia que ficou marcado por diversos confrontos. Uma enfermeira foi morta a tiro enquanto estava na fila para votar e outras três pessoas ficaram feridas.

O dia da consulta popular ficou marcado por violência, quando um grupo de homens armados disparou contra pessoas que aguardavam na fila para votar no referendo promovido pela oposição, que não é reconhecido pelo Governo. Uma enfermeira de 61 anos morreu e três pessoas ficaram gravemente feridas.

O ataque aconteceu num bairro pró-governamental de Caracas durante a consulta não-vinculativa organizada pela oposição venezuelana este domingo. Mais de 7,1 milhões de eleitores venezuelanos votaram este domingo numa consulta simbólica contra o projeto promovido pelo Presidente do país para a formação de uma assembleia para reescrever a Constituição.

Muitas pessoas refugiaram-se numa igreja para escaparem ao tiroteio, como se pode ver num vídeo publicado nas redes sociais pelo líder da oposição, Henrique Capriles, que acusa Maduro e fala de milícias pró-governo.


A consulta popular foi aprovada pelo parlamento da Venezuela mas foi considerada ilegal pela presidência. Mesmo assim, milhares de venezuelanos esperaram diversas horas na fila para poderem responder às três questões deste referendo simbólico.

Noventa e oito por cento dos eleitores responderam com dois sins e um não. Isto é, sim a novas eleições antes do fim do mandato do atual presidente, que termina em 2019, e sim à defesa da constituição pelas Forças Armadas. Os venezuelanos dizem não à nova Assembleia Constitucional, proposta por Nicolás Maduro.

"Com 95% dos votos escrutinados, participaram 7.186.170 venezuelanos" nesta consulta, informou Cecilia García Arocha, reitora da Universidade Central da Venezuela e membro da comissão académica responsável por supervisionar o plebiscito simbólico.

"Esta ação da população venezuelana é uma mensagem clara e contundente, a nível nacional e internacional", de que os eleitores "querem uma mudança" de governo "através da democracia", concluiu a reitora.
Sete mil votos em Portugal
A consulta popular teve uma grande adesão também fora da Venezuela, com mesas de voto em mais de 100 países em todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, a Associação Cívica de Venezuelanos em Lisboa-Venexos, citada pelo Diário de Notícias, fala em mais de sete mil votos.

Pelo menos 93 pessoas já morreram desde o final de março na Venezuela, quando milhares de manifestantes começaram a sair às ruas de Caracas e de outras cidades exigindo eleições presidenciais antecipadas perante uma das mais graves crises económicas e sociais das últimas décadas no país.

A oposição culpou um gangue "paramilitar" pelo ataque. "Lamentamos muito isto com grande pesar", disse Carlos Ocariz, porta-voz do Justiça Primeiro, o principal partido da oposição. A Procuradoria já anunciou que vai investigar o caso.

No dia 30 de julho os venezuelanos vão ser novamente chamados às urnas para se pronunciarem, desta vez legalmente, sobre a criação de uma assembleia constituinte com poderes para alterar a Constituição e para dissolver instituições do Estado.

Entretanto, o Governo de Maduro declarou o ex-Presidente mexicano, Vicente Fox, como persona non grata por "abusar da hospitalidade do povo venezuelano", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Samuel Moncada, acusando Fox de receber dinheiro para "promover a violência e a intervenção de potências estrangeiras".

Na rede social Twitter, Samuel Moncada acrescentou que Fox "quis provocar as autoridades para armar um circo mediático que servisse os vis interesses de quem o contratou".


Ainda antes deste incidente, na sexta-feira, as Nações Unidas expressaram preocupação pela crise na Venezuela, onde desde o fim de março, cerca de 1.500 pessoas ficaram feridas e pelo menos 93 morreram, no âmbito de protestos contra o Governo de Maduro.

Em comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu "paz e democracia na Venezuela (…) A solução passa por um acordo, eleições e o respeito pelos direitos fundamentais e pelos poderes constitucionais", referiu Guterres, apelando ao diálogo entre o Governo e a oposição, para erradicar a violência e outros abusos.

De acordo com o secretário-geral da ONU, "não haverá uma solução se se pretender impor uma saída" à crise venezuelana.

Segundo a ONU, desde janeiro de 2017 que 52 mil venezuelanos pediram asilo noutros países, um número superior aos 27 mil casos registados em 2016.


c/agências
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