Contraterrorismo investiga passos de bombista abatido em Bruxelas

por Carlos Santos Neves - RTP
“Consideramos que é um ataque terrorista”, afirmou o procurador belga Eric Van Der Sypt François Lenoir - Reuters

Os serviços de contraterrorismo da polícia belga estão esta quarta-feira a reconstituir o percurso de radicalização do bombista abatido na última noite por militares na Gare Central de Bruxelas. O rebentamento parcial de uma carga explosiva obrigou a evacuar o local, mas não provocou vítimas.

Durante a noite o procurador Eric Van Der Sypt veio confirmar que as autoridades investigariam os acontecimentos na Gare Central da capital belga como um “ataque terrorista”.

O responsável recusou-se, todavia, a abordar os relatos de testemunhas citadas pelas agências internacionais, segundo os quais o bombista teria gritado Allahu Akbar, ou “Deus é grande”, antes de detonar a carga explosiva que transportava.A carga transportada pelo homem abatido na última noite seria semelhante às bombas usadas nos ataques de março de 2016 no aeroporto e no metro de Bruxelas, que fizeram 32 mortos.


Em declarações à estação VTM, o ministro belga do Interior, Jan Jambon, admitiu entretanto que o atentado poderia ter causado maiores danos. O engenho explosivo – repleto de pregos, segundo a comunicação social da Bélgica - terá falhado.

“Ontem, alguém com explosivos entrou na Gare Central. Tencionava fazer explodir uma grande bomba. Foi afinal uma pequena explosão, à qual os soldados reagiram imediatamente. Foi evitado algo muito pior”, afirmou o governante.

Ainda de acordo com os media do país, o atacante teria 37 anos e seria de Molenbeek, bairro da capital belga habitado por uma grande comunidade marroquina. O mesmo local onde moravam algumas das figuras-chave dos atentados de 2015 e 2016 em Paris e Bruxelas, reivindicados pelo Estado Islâmico.

A polícia desencadeou entretanto diferentes operações de busca em habitações de Molenbeek.
“Não seremos intimidados”

Na sequência da explosão, a Gare Central foi evacuada, assim como as ruas adjacentes e a renascentista Grand-Place, àquela hora repleta de turistas.

Nicolas Van Herrewegen, um funcionário dos transportes ferroviários ouvido pela agência Reuters, descreveu o momento da explosão.

“Havia um homem a gritar, a gritar e a gritar. Ele estava a falar de jihadistas e a dada altura gritou Allahu Akbar e fez explodir a pequena mala que tinha junto a si. As pessoas fugiram”, contou.

Outra testemunha, Rémy Bonnaffé, um advogado de 23 anos que aguardava um comboio com destino a Ghent, publicou na rede social Twitter uma fotografia captada logo após a detonação.


O ataque falhado levou também o primeiro-ministro belga a convocar uma conferência de imprensa.

“Não seremos intimidados, vamos continuar normalmente com as nossas vidas”, reagiu Charles Michel, que marcou para a manhã desta quarta-feira uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.
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