Cooperação entre Irão e Rússia vai reforçar segurança regional

por Lusa
Reuters

O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, considerou hoje, em Moscovo, que o reforço das relações com a Rússia vai permitir estimular as trocas comerciais e económicas e aumentar a segurança regional.

Ao discursar perante os deputados da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, Raisi lamentou o nível "dececionante" das relações bilaterais atuais e apelou a "esforços sérios" para as reforçar.

"Estamos determinados a desenvolver relações em todos os campos, nomeadamente político, económico, comercial, científico e cultural. Consideramos insuficiente o atual nível de relações. [O Presidente russo, Vladimir] Putin e eu sublinhámos na reunião conjunta de ontem [quarta-feira] que isso não é aceitável e que estamos determinados a desenvolver essas relações", acrescentou, sob aplausos dos deputados russos.

"O fortalecimento das relações entre o Irão e a Rússia impulsionará as economias de ambas as nações e fortalecerá a segurança regional e internacional", sublinhou Raisi, que chegou quarta-feira a Moscovo para uma visita a convite de Putin.

O Presidente iraniano, que tomou posse em agosto de 2021, citou como modelo a cooperação entre Teerão e Moscovo na Síria, em que ambos os países têm apoiado diretamente o regime sírio de Bashar al-Assad ao longo dos 11 anos de guerra civil.

"O modelo bem-sucedido de cooperação entre Irão e Rússia na Síria e a contínua resistência do povo e do governo sírios garantiram a independência dos países e a consolidação da segurança regional", sustentou.

"Beneficiamos da cooperação da Rússia com a liderança inteligente de Putin, que deve ser elogiado. Este pode ser considerado um modelo eficaz para o desenvolvimento da cooperação [bilateral] em vários campos", acrescentou.

Ao abordar a questão nuclear, em negociação em Viena, Raisi reafirmou que o Irão está a "levar a sério" a necessidade de se chegar a um acordo, se as outras partes tiverem em consideração o "levantamento efetivo das sanções" impostas a Teerão.

"O Irão cumpre as suas obrigações, mas os Estados Unidos violaram o acordo e os europeus não cumpriram as suas obrigações relacionadas com o pacto", argumentou.

"De acordo com a `fatwa` [pronunciamento legal no Islão emitido por um especialista em lei religiosa] do líder supremo, a política do Irão não visa criar uma arma nuclear e essa arma não cabe na nossa estratégia de defesa", frisou.

Quarta-feira, Raisi apresentou à Rússia uma proposta de cooperação estratégica para os próximos 20 anos e um convite para "criar sinergias" para enfrentar as sanções do Ocidente, em particular dos Estados Unidos.

"Apresentamos aos nossos parceiros russos um documento sobre cooperação estratégica entre os nossos países com perspetivas de um mínimo de 20 anos", disse o Presidente iraniano a Putin.

Na ocasião, Raisi equiparou o Irão à Rússia, notando que os dois países "enfrentam sanções unilaterais do Ocidente" e, em especial, dos Estados Unidos, e disse que "Teerão e Moscovo podem criar sinergias na interação entre os dois países".

Embora a escala e as características das sanções -- bem como a capacidade de resposta de cada lado -- sejam diferentes, Teerão optou por encontrar um parceiro em Moscovo para fortalecer os laços numa altura em que as tensões entre a Rússia e o Ocidente aumentam.

"Há mais de 40 anos que enfrentamos os norte-americanos e nunca deixámos de progredir e de nos desenvolver por causa de sanções e ameaças. Estamos agora a lutar para que as sanções sejam revogadas", disse, referindo-se às restrições impostas pelos Estados Unidos depois de denunciarem e abandonarem unilateralmente o pacto nuclear iraniano assinado em 2015.

Este acordo entre Irão, Rússia, China, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, foi unilateralmente abandonado em 2018 pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que impôs novas sanções a Teerão.

Após a chegada de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos, foram iniciadas conversações sobre o retomar do cumprimento do acordo, do qual o Irão também se afastou parcialmente exigindo o levantamento das restrições em troca da redução do seu programa nuclear.

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