COP15. Responsável da ONU pede que se coloque a natureza antes do futebol

por RTP
Reuters

A conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade (COP15), que servirá para se negociar um novo conjunto de metas globais para a natureza, irá decorrer nas vésperas da final do Mundial do Catar, em dezembro. A responsável da ONU pela pasta da biodiversidade já alertou que os líderes mundiais não devem deixar-se distrair pelo futebol, caso contrário “ficarão envergonhados”.

Em dezembro, as delegações dos vários países viajarão para Montreal, no Canadá, para a cimeira sobre a biodiversidade das Nações Unidas, mais conhecida por COP15. A cimeira terá como objetivo a discussão de um novo conjunto de metas globais para a natureza para a próxima década, depois de dois anos de atraso devido à pandemia da covid-19.

A cimeira terá início a 5 de dezembro, mas o acordo final deverá ser alcançado no dia 18 de dezembro, véspera da final do Mundial do Catar. Presidentes e primeiros-ministros de todo o mundo costumam marcar presença nos mundiais de futebol, mas a secretária executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica pediu aos líderes mundiais que não se deixem distrair pelo futebol e permaneçam focados nas negociações sobre a natureza.

“Todos os líderes terão de pensar duas vezes. Podem ir ao Mundial no Catar, mas o que é que significa se não houver vida além disso quando voltarem?”, questionou Elizabeth Mrema.

“Se forem para o Catar, devem deixar instruções apropriadas”, pediu Mrema aos responsáveis mundiais. “Caso contrário, ficarão envergonhados”, acrescentou a responsável da ONU.

Após a Conferência dos Oceanos, que decorreu na semana passada em Lisboa, Mrema reconheceu que o progresso nas negociações tem sido lento e sublinhou que a contribuição dos diferentes governos é fulcral para quebrar o impasse em questões cruciais.

Precisamos muito de um empurrão político. Os líderes estão a falar de um acordo transformador e ambicioso. Se as negociações continuarem desta forma, provavelmente terminaremos com uma estrutura, mas não será ambiciosa, inovadora ou o que se espera que realmente mude a perda de biodiversidade”, explicou a responsável das Nações Unidas.

Organizações ambientalistas têm alertado para a urgência da tomada de ações concretas relativamente à natureza, criticando a falta de compromisso e empenho por parte dos governos. Apesar dos acordos, poucas medidas foram tomadas em concreto por parte dos vários países e os avanços na proteção da natureza nos últimos 20 anos foram mínimos.

A COP15 irá arrancar apenas duas semanas após o encerramento da COP27, no Egito, focada no clima, onde os países deverão renovar os seus compromissos para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Inicialmente prevista para decorrer na China, a COP15 foi transferida para o Canadá devido à covid-19 e à política chinesa de zero covid.
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