COP26. Aprovado acordo final na cimeira do clima

por RTP

Há acordo na COP26, a cimeira do clima da ONU. Ao final da tarde, foram interrompidos os trabalhos para redigir um novo documento, sendo ainda necessária uma reviravolta de última hora que permitiu um suavizar de linguagem quanto ao fim do carvão. Ainda assim, foi conseguido acordo que visa acelerar a luta contra o aquecimento global.

A alteração de última hora foi proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.

A proposta foi feita pelo ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, que no plenário de encerramento pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.

A Índia quis substituir o fim progressivo - "phase-out" por uma redução progressiva - "phase down" -, uma proposta que foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça, e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.

Quis ainda acrescentar ao parágrafo o "apoio aos países mais pobres e vulneráveis em linha com as suas circunstâncias nacionais".

Ainda assim, o documento final acabou por ser aprovado.

Presidente da COP pede desculpa
O presidente da conferência climática COP26, Alok Sharma, pediu hoje desculpa de forma emocionada pela forma como as negociações de última hora decorreram para ser possível aprovar o texto final, 26 horas depois do previsto.

A cimeira do clima das Nações Unidas (COP26) adotou formalmente a declaração final da COP26, com uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.

"Peço desculpa pela forma como este processo foi desenvolvido. Peço imensa desculpa. Também percebo a profunda desilusão. Mas também é crucial que protejamos este acordo", afirmou, na sessão final, parando por momentos a intervenção para se recompor.

No final, disse que a versão revista da declaração final foi aprovada com alterações feitas oralmente, e encerrou oficialmente os trabalhos batendo com o martelo.
Emoção e golpes de teatro
Os trabalhos foram prolongados para o fim de semana, na esperança de ser encontrado um acordo para lutar contra as alterações climáticas.

As negociações neste sábado foram marcadas pela emoção e golpes de teatro.
Pacto mantém ambição de limitar temperatura a 1,5ºC
O Pacto Climático de Glasgow mantém a ambição do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura a 1,5ºC (graus celsius).

O documento, que sofreu alterações até ao último momento, reafirma o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC (graus celsius), decidido há seis anos no Acordo de Paris, e diz ser necessário reduzir as emissões de dióxido de carbono em 45% até 2030, em relação a 2010.

Reconhece-se que limitar o aquecimento global a 1,5ºC exige "reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases com efeito de estufa, incluindo a redução das emissões globais de dióxido de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010 e para zero por volta de meados do século, bem como reduções profundas de outros gases com efeito de estufa".

O Pacto salienta a urgência de reforçar a ambição e a ação em relação à mitigação, adaptação e financiamento nesta "década crítica" para colmatar as lacunas na implementação dos objetivos do Acordo de Paris, e nele pede-se aos países em falta que apresentem até novembro do próximo ano as suas contribuições para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Os presentes em Glasgow instaram também, segundo o documento aprovado, os países desenvolvidos a "pelo menos duplicarem" o financiamento climático para a adaptação às alterações climáticas dos países mais pobres.

E apela-se aos países mais ricos e instituições financeiras para "acelerarem o alinhamento das suas atividades de financiamento com os objetivos do Acordo de Paris".

c/Lusa
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