COP27. Ativistas criticam patrocínio da Coca-Cola à cimeira climática

por Inês Moreira Santos - RTP
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A pouco mais de um mês de começar a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), o os movimentos ativistas criticam a escolha da Coca-Cola como patrocinadora do evento. Para alguns ambientalistas, a marca é o "maior poluidor do mundo" e o acordo com a conferência climática que decorre em novembro no Egito é o que chamam de "lavagem verde".

O Governo do Egito anunciou na semana passada ter assinado um acordo de cooperação com a Coca-Cola, apresentando a empresa como patrocinadora da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, acontecimento marcado para Sharm El-Sheikh de 6 a 18 novembro. O Ministério egipcio dos Negócios Estrangeiros explicou, na altura, que a parceria visa promover oportunidades para construir "resiliência climática" com a Coca-Cola e promover o envolvimento com o setor privado, ONG's e governos.

Contudo, a Coca-Cola foi classificada como a "maior poluidora de plástico" do mundo pelo quarto ano consecutivo, de acordo com um relatório divulgado pelo Break Free From Plastic, movimento global que pede reduções maciças de plásticos de uso único e apela para soluções duradouras.

A Coca-Cola a patrocinar a Cop27 é pura 'lavagem verde'. A Coca-Cola é um dos maiores poluidores de plástico do mundo", afirmou Emma Priestland, coordenadora da Break Free From Plastic, no relatório.

“Ao longo de quatro anos , descobrimos que a Cola-Cola é a maior poluidora de plástico do mundo nas nossas auditorias anuais de marca”,
disse ainda. “É surpreendente que uma empresa tão ligada à indústria de combustíveis fósseis seja autorizada a patrocinar uma reunião climática tão importante".

Os ativistas ambientais consideram esta parceria como "desconcertante". Já na COP26, no ano passado, foi lançada uma petição para acabar com estes patrocínios, começando com a remoção da Cola-Cola.

“É desconcertante que a Coca-Cola – o maior poluidor de plástico do mundo em todas as auditorias globais da marca Break Free From Plastic – patrocine a COP27 deste ano no Egito", lamentou John Hocevar, diretor da campanha de oceanos do Greenpeace EUA.

“A Coca-Cola produz 120 mil milhões de garrafas de plástico descartáveis ​​por ano – e 99 por cento dos plásticos são feitos de combustíveis fósseis, o que agrava a crise de plástico e do clima”, continuou. “Ainda tem de reconhecer que isso é um problema ou explicar como vão cumprir as suas metas climáticas sem acabar com o vício do plástico. Esta parceria põe em causa o próprio objetivo do evento que pretende patrocinar".

Embora já este ano a Coca-Cola tenha garantido que pretende ter 25 por cento das embalagens reutilizáveis ​​até 2030, os ativistas ambientais recordam o histórico de promessas falhadas da marca: em 1990, por exemplo, prometeu usar uma média de 25 por cento de materiais reciclados nas garrafas, mas a promessa não foi cumprida, visto que atualmente só 10 por cento das suas garrafas têm materiais reciclados.
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