Coreia do Norte dispara míssil balístico para o mar do Japão

por Andreia Martins - RTP
Franck Robichon - EPA

De acordo com informações avançadas por Seul, a Coreia do Norte lançou um míssil balístico para o mar do Japão. Pyongyang tem levado a cabo vários testes com mísseis nas últimas semanas, incluindo um teste com armas hipersónicas e de longo alcance.

O lançamento partiu da localidade de Sinpo, no leste da Coreia do Norte, terá sido efetuado pelas 10h17 locais a partir de um submarino ou de uma plataforma submersa, referem os analistas.

Alguns destes testes realizados pela Coreia do Norte estão proibidos pelas Nações Unidas, desde logo os testes com mísseis balísticos e com armas nucleares.

Os mísseis balísticos são considerados mais perigosos e ameaçadores do que os misseis de cruzeiro, uma vez que podem transportar maior peso, têm mais alcance e são mais rápidos.

Este míssil em concreto tinha sido apresentado em janeiro por Pyongyang como “a arma mais poderosa do mundo”. Também a Coreia do Sul anunciou ter armamento semelhante há apenas algumas semanas, numa corrida às armas em plena península coreana.

Tecnicamente, as Coreias continuam em guerra, uma vez que a Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países, terminou em 1953 com um armistício.

A informação sobre o lançamento deste míssil foi confirmada por responsáveis militares da Coreia do Sul, que acreditam que o míssil em causa voou cerca de 450 quilómetros a atingiu altura de 60 quilómetros.

“Os nossos militares estão a monitorizar de perto a situação e a manter uma postura de prontidão, em estreita colaboração com os Estados Unidos, de forma a preparar possíveis lançamentos”, adiantam os chefes militares em Seul, em comunicado.

Também o Japão já reagiu, com o primeiro-ministro Fumio Kishida a considerar que o lançamento dos mísseis balísticos e os testes realizados por Pyongyang são “lamentáveis”.  
Esforços diplomáticos

Esta não é a primeira vez que a Coreia do Norte testa um míssil a partir de uma plataforma subaquática. Em outubro de 2019, o país lançou o míssil submarino Pukguksong-3. Na altura, a agência estatal de notícias KCNA informou que a ação pretendia minimizar uma “ameaça externa”.

O míssil em causa foi lançado numa trajetória vertical, mas se tivesse percorrido um percurso padrão poderia ter atingido o território da Coreia do Sul ou do Japão.

Por outro lado, os mísseis lançados a partir de submarinos ou plataformas submersas podem fazer com que estes lançamentos sejam mais difíceis de detetar de forma prematura.

Desde que Kim Jong-un assumiu a liderança, o país tem efetuado vários testes de armamento e reforçado o arsenal militar, apesar das sanções internacionais devido aos programas de armamento nuclear e de mísseis balísticos.

Sung Kim, representante especial dos Estados Unidos para questões da Coreia do Norte, tem apelado nos últimos dias às conversações diplomáticas entre os países envolvidos.

"Não temos qualquer intenção hostil em relação à Coreia do Norte e esperamos realizar um encontro" sem condições prévias, disse o diplomata ainda esta segunda-feira, no final de uma reunião com um responsável norte-coreano, Noh Kyu-duk.

Em 2018, o líder norte-coreano Kim Jong-un foi o primeiro da história a reunir-se com um Presidente norte-americano em funções, na altura Donald Trump, primeiro em Singapura e depois em Hanói, já em fevereiro de 2019. Meses mais tarde, durante uma viagem pela Ásia, Donald Trump fez uma visita inesperada à Zona Desmilitarizada (DMZ) entre as Coreias, em junho de 2019, onde voltou a encontrar-se com o líder norte-coreano.

No entanto, estes encontros foram pouco proveitosos e pouco além do aparato mediático, uma vez que não foi possível alcançar um acordo para o levantamento de sanções contra o regime norte-coreano, ou um compromisso por parte da Coreia do Norte para a contenção dos programas nuclear e de mísseis balísticos.

Desde então, nos últimos dois anos, os lançamentos e o programa de mísseis balísticos prosseguiu, apesar das dificuldades económicas e de um bloqueio territorial no país autoimposto devido à situação pandémica.

(com agências)
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