No cair do pano sobre uma visita de quatro dias à Coreia do Norte, o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos deixou um aviso à comunidade internacional. Perante a escalada da retórica de guerra entre a atual Administração norte-americana e o regime de Kim Jong-un, afirmou nas últimas horas Jeffrey Feltman, tornou-se “urgente prevenir erros de cálculo e abrir canais para reduzir os riscos de conflito”.
Jeffrey Feltman esteve na Coreia do Norte entre as passadas terça e sexta-feira, naquela que foi a primeira visita, em seis anos, de um alto responsável das Nações Unidas ao hermético país de Kim Jong-un. Na capital reuniu-se com o ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong Ho.
Ambos “concordaram” no diagnóstico do atual contexto, segundo um comunicado da ONU: “A atual situação é hoje a mais tensa e perigosa questão de paz e segurança do mundo”.
Há neste momento “uma necessidade urgente de prevenir erros de cálculo e abrir canais para reduzir os riscos de conflito”, enfatizou o subsecretário-geral das Nações Unidas, apelando à implementação de resoluções “relevantes” do Conselho de Segurança.
“O tempo urge”, insistiu.
Num sinal que parece consubstanciar o temor de Feltman, o regime norte-coreano veio entretanto clamar que, caso o Presidente Donald Trump ponha em prática um bloqueio marítimo ao país - uma das possíveis sanções sobre a mesa da Casa Branca, após o recente lançamento de um míssil balístico -, tal gesto será encarado como uma declaração de guerra.
Hwasong-15
A deslocação de Jeffrey Feltman a Pyongyang teve lugar durante as manobras militares anuais Vigilante 18, que combinaram forças dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. Exercícios que a Força Aérea norte-americana disse terem por objetivo promover “a eficácia de combate”.
Os meios estatais de comunicação da Coreia do Norte apressaram-se a descrever estas manobras como “jogos de guerra conjuntos” com o regime por alvo.
Os exercícios Vigilante 18 tiveram lugar na sequência do lançamento, a 29 de novembro, de um míssil norte-coreano Hwasong-15.
Os peritos avaliaram o Hawsong-15 como o mais perigoso e tecnologicamente avançado dos mísseis balísticos produzidos até à data em solo norte-coreano; já demonstrou ter um alcance de 13 mil quilómetros e Pyongyong alega que pode transportar “uma super-ogiva”.
Esta semana realizam-se novos exercícios militares, desta feita com forças norte-americanas, sul-coreanas e japonesas, tendo em vista a melhoria dos meios partilhados de deteção de mísseis. Decorrerão até terça-feira em águas territoriais do Japão, confirmou o ministro nipónico da Defesa, Itsunori Onodera.
Da China, o derradeiro contrapeso que poderá dissuadir o regime de matriz estalinista de atacar os aliados regionais de Washington, ou os próprios Estados Unidos, saiu mais um apelo à contenção.
O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Wi, acenava no sábado com uma precária bolsa de esperança numa saída pacífica para a crise: a proposta de “suspensão por suspensão”.
Ou seja, Pequim propõe que a Coreia do Norte suspenda o respetivo programa nuclear em troca de uma suspensão de todas as manobras militares de Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão.
O chefe da diplomacia chinesa, adiantou a agência Xinhua, “fez notar que a situação na Península Coreana continua mergulhada num círculo vicioso de demonstração de força e confrontação e a perspetiva não é otimista”.
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