Coreia do Norte ensaia dois mísseis de médio alcance

por Carlos Santos Neves - RTP
Acredita-se que os mísseis balísticos agora lançados pertençam à classe Musudan KCNA/ Reuters

As estruturas militares da Coreia do Norte lançaram esta quarta-feira dois mísseis balísticos de médio alcance a partir da costa leste do país, num par de testes que colide, uma vez mais, com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos apressaram-se a condenar Pyongyang.

O primeiro lançamento terá redundado em fracasso. O míssil balístico norte-coreano percorreu uma distância de 150 quilómetros antes de se precipitar para o mar. Horas depois, um segundo projétil voaria cerca de 400 quilómetros.O regime de matriz estalinista falhou quatro lançamentos de mísseis nos últimos meses.


A meio da manhã, as chefias militares da Coreia do Sul e dos Estados Unidos continuavam a proceder a uma “análise aprofundada” do segundo projétil. Mas entre os especialistas a convicção é de que se trata, como o primeiro míssil, de uma arma estratégica de médio alcance da classe Musudan.

Independentemente do grau de sucesso dos lançamentos, a Presidência da Coreia do Sul convocou uma reunião de segurança nacional.

O regime testou mísseis de médio alcance por seis vezes em três meses, já incluindo os ensaios desta quarta-feira. Analistas externos e serviços de informações consideram que Pyongyang falhou cinco destes testes, com os mísseis a explodirem durante o voo ou a caírem. O sexto é uma incógnita.


Foto: KCNA/ Reuters

O último dos mísseis ficou muito aquém da sua capacidade de alcance. O que pode ter acontecido devido a uma falha dos sistemas. Ou por decisão dos militares norte-coreanos, que assim evitaram ver um míssil abatido sobre o espaço aéreo do Japão, algo que Tóquio ameaçara fazer.
No radar do Norad

A trajetória dos mísseis norte-coreanos foi acompanhada pelo Comando de Defesa Norte-Americano (Norad), que afastou qualquer tipo de ameaça para o território dos Estados Unidos.
A Coreia do Norte efetuou em janeiro o quarto teste nuclear, que descreveu como a primeira utilização de uma bomba de hidrogénio. Em seguida anunciou o lançamento de um satélite, numa manobra que o Ocidente encarou como o ensaio de um míssil de longo alcance.
Uma vez confirmados os lançamentos, o Departamento de Estado norte-americano saiu a público para reprovar as “ações de provocação” do regime de Kim Jong-un.

“Pretendemos expressar as nossas preocupações nas Nações Unidas para reforçar o empenho internacional em responsabilizar [a Coreia do Norte] por estas ações de provocação”, reagiu em comunicado o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby.

Por sua vez o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, frisou que gestos como o desta quarta-feira “claramente não podem ser tolerados”.

Os mísseis da classe Musudan terão um alcance entre os 2.500 e os quatro mil quilómetros, o que, em teoria, permitiria à Coreia do Norte atingir os vizinhos do Sul, o Japão e o território norte-americano de Guam, no Pacífico Ocidental.

O regime terá dezenas destes mísseis - também conhecidos como Nodong-B ou Taepodong-X - no seu arsenal balístico.
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