O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu esta sexta-feira às partes interessadas na crise norte-coreana que abram "canais de comunicação reforçados" no sentido de haver uma solução diplomática. À margem da reunião do Conselho de Segurança, Guterres reiterou a sua disponibilidade para mediar esta crise, considerada a mais perigosa do mundo.
"É tempo de restabelecer e fortalecer os canais de comunicação. Isto é crítico para baixar o risco de erro de cálculo ou desentendimento e reduzir as tensões na região", disse o secretário-geral da ONU.
A reunião do Conselho de Segurança, organizada pela atual presidência japonesa, teve a presença do chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, e do embaixador norte-coreano na ONU, Ja Song Nam.
António Guterres reiterou ainda a sua disponibilidade para mediar esta crise, considerada a mais perigosa do mundo de hoje. Isto numa altura em que o chefe dos assuntos políticos das Nações Unidas, Jeffrey Feltman, acaba de fazer uma visita rara de cinco dias a Pyongyang.
Em setembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade um novo conjunto de sanções, proposto pelos EUA, interditando as exportações têxteis e reduzindo o seu abastecimento em petróleo e gás.
A nova série de sanções, apoiada pela China e pela Federação Russa, que são os apoios mais próximos da Coreia do Norte, visa punir o país pelo seu ensaio nuclear do passado dia 3 de setembro.
Coreia do Norte "longe de estar pronta"
Com as sanções, cada vez mais severas, a ONU pretende forçar os dirigentes de Pyongyang a negociar os seus programas de armamento nuclear e convencional, considerados ameaçadores para a estabilidade mundial.
De acordo com Guterres, as resoluções do Conselho de Segurança da ONU devem ser "totalmente aplicadas e respeitadas" pelo regime de Pyongyang, mas também por todos os outros países envolvidos na questão, de forma a garantir que as sanções atinjam os objetivos para que foram impostas, ou seja, a desnuclearização da península coreana.
António Guterres fez também um apelo à ajuda humanitária, lembrando que 70 por cento da população da Coreia do Norte sofre de mal-nutrição e diz que "o envolvimento diplomático é o único caminho para uma paz sustentável e a desnuclearização."
O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Taro Kono, disse ao Conselho de Segurança das Nações Unidas esta sexta-feira que a Coreia do Norte estava "longe de estar pronta" para abandonar os seus programas de mísseis nucleares e não estava interessada em qualquer tipo de diálogo.
Apesar de algumas visões otimistas, “o lançamento de mísseis em novembro mostrou claramente que a Coreia do Norte continuava a desenvolver implacavelmente programas nucleares e de mísseis”.EUA querem ajuda da Rússia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta sexta-feira que Washington esperava receber mais ajuda do presidente russo, Vladimir Putin, para tentar convencer a Coreia do Norte a abandonar o seu programa de mísseis e armas nucleares.
Também o chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, disse esta sexta-feira que deve haver um "processo sustentado do comportamento ameaçador da Coreia do Norte".
"A campanha de pressão deve e continuará até a desnuclearização", concluiu Rex Tillerson. O chefe da diplomacia dos EUA pediu ainda à China e à Rússia que aumentassem a pressão sobre a Coreia do Norte, indo além da implementação das sanções da ONU.
O Conselho de Segurança está reunido esta sexta-feira em Nova Iorque para discutir a situação nuclear na Coreia do Norte, que Guterres classificou como "o mais tenso e perigoso tema de segurança no mundo de hoje."