Coreia do Norte testa mísseis balísticos após visita de Joe Biden à Ásia

por Inês Moreira Santos - RTP
Jeon Heon-Kyun - Reuters

A Coreia do Norte testou um suposto míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês), esta quarta-feira de manhã, logo após a viagem presidencial de Joe Biden à Ásia. Segundo a vizinha Coreia do Sul, os lançamentos decorreram no espaço de uma hora na região de Sunan, em Pyongyang.

Num comunicado, o Estado-Maior Conjunto sul-coreano referiu que um primeiro míssil supostamente lançado por volta das 6h00 pela Coreia do Norte, de uma região perto da capital, terá atingido uma altura máxima de 540 quilómetros e voado cerca de 360 quilómetros em direção a leste.

Meia hora mais tarde, foi lançado um segundo míssil, que as autoridades de Seul não têm a certeza de que se trate de um ICBM, e que terá desaparecido ao fim de sobrevoar 20 quilómetros.

Perto das 7h00 foi disparado um terceiro míssil, que se presume ser de curto alcance (SRBM, na sigla em inglês), que voou cerca de 760 quilómetros e atingiu uma altitude de 60 quilómetros, acrescentou o comunicado.

O comunicado refere ainda que os militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul dispararam dois mísseis terra-superfície em resposta aos lançamentos norte-coreanos, para demonstrar as capacidades de ataque dos aliados. O Japão, por sua vez, confirmou que houve pelo menos dois lançamentos – embora com uma “trajetória irregular” – mas reconheceu que pode ter havido mais.

O Ministério japonês da Defesa, citado pela BBC, criticou os testes balísticos considerando-os “não aceitáveis” e uma ameaça à “paz, estabilidade e segurança do Japão e da comunidade internacional”. Segundo a mesma fonte, Pyongyang está a testar tecnologia que deverá permitir que os mísseis sejam manobrados após o lançamento, incluindo "tecnologia de deslizamento hipersónico", o que dificultaria a interceção por parte de sistemas de defesa antimísseis.
Primeiro lançamento de um ICBM desde março
Estes testes balísticos foram confirmados, por Seul, logo após a primeira viagem do presidente norte-americano à Ásia, que incluiu uma visita à Coreia do Sul. Considerando a vizinha do Norte uma ameaça, os líderes norte-americano e sul-coreano, Yoon Suk-yeol, emitiram uma nota conjunta na qual referem que serão reforçados os exercícios militares para enfrentar Pyongyang.

"À luz da evolução da ameaça colocada pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC), os dois líderes concordam em iniciar discussões para expandir o âmbito e a escala dos exercícios e treinos militares conjuntos na Península Coreana e à volta desta", refere a declaração.

Durante a visita de Biden, as autoridades dos EUA e da Coreia do Sul já tinham alertado para a elevada probabilidade de serem disparados mísseis ou realizados testes balísticos na Coreia do Norte a qualquer momento. As imagens de satélite indicavam, aliás, que enquanto o presidente norte-americano estava na região, Pyongyang se preparava para realizar testes nucleares.

Se se confirmar, este será o primeiro lançamento de um ICBM desde março e totalizam-se os 18 disparos norte-coreanos desde o início do ano.

Contudo, o especialista em mísseis Jeffrey Lewis disse, à CNN, que os testes realizados esta quarta-feira provavelmente não eram de um “ICBM completo”, uma vez que o alcance era bem menor do que o suposto desse míssil. Segundo o diretor do Programa de Não Proliferação do Leste Asiático, no Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, este lançamento foi semelhante aos testes anteriores que os EUA alegaram estar associados ao desenvolvimento de um novo ICBM.

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