Costa diz não ter queixas de investimento chinês em Portugal porque respeita idoneidade

por Lusa

Bruxelas, 22 mar (Lusa) -- O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje não ter "nenhuma referência negativa" sobre o investimento chinês em empresas portuguesas, como a EDP, vincando que aquele capital cumpre "as regras de idoneidade" das companhias.

"A experiência que nós temos é uma experiência bastante positiva, de investidores que atuam de acordo com o respeito restrito da legislação regente em Portugal, que cumprem as regras de idoneidade que são exigidas nas atividades que desenvolvem e creio que não temos nenhuma referência negativa a fazer ao trabalho que desenvolvem", declarou o chefe de Estado em Bruxelas.

Falando no final do Conselho Europeu de primavera, no qual foram debatidas as relações da União Europeia (UE) com a China, o responsável assinalou que "o investimento chinês em Portugal é uma pequeníssima parcela do investimento chinês do conjunto da Europa".

Já questionado sobre a oferta pública de aquisição (OPA) feita pela China Three Gorges (CTG) à elétrica EDP, António Costa referiu que "as entidades reguladoras farão o seu papel, que se desenvolve de acordo com as restritas regras de mercado, tal como esses investimentos também foram realizados de acordo com as regras de mercado".

Quanto aos entraves colocados no processo de avaliação da OPA, o responsável referiu que "esse é um problema que tem de ser tratado entre o investidor, os outros acionistas, a empresa e as entidades regulatórias".

A CTG entrou na estrutura acionista da EDP em 2011, detendo atualmente 23,27% do capital.

Em maio do ano passado passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.

O preço oferecido pela CTG é a principal razão pela qual a administração da EDP tem recomendado aos acionistas que não aceitem esta oferta, por não refletir adequadamente o valor da elétrica, pois o prémio implícito é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.

Na altura da divulgação da OPA, a administração da EDP considerou ainda que o preço proposto estava abaixo do oferecido em 2011, quando a CTG adquiriu 21,35% da elétrica.

Além desta empresa, outras companhias portuguesas detêm capital chinês, como o Banco Comercial Português (BCP), a seguradora Fidelidade e a Redes Energéticas Nacionais (REN).

No Conselho Europeu de primavera, que decorreu entre quinta-feira e hoje, os líderes da UE preparam a próxima cimeira com a China, que se realiza a 09 de abril em Bruxelas, trocando "pontos de vista sobre as relações globais com a China no contexto global", segundo as conclusões do encontro.

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