Covid-19. A pandemia "não está nem perto do fim", alerta a OMS

por Carla Quirino - RTP
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS. Conferência de imprensa em Genebra, Suiça Denis Balibouse - Reuters

O diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus traça um retrato da evolução da pandemia. Baseando-se nos casos diários que atingem novos máximos na Europa, Ghebreyesus adverte para a ideia "enganosa" de que a variante Ómicron é menos agressiva.

"A Ómicron continua a varrer o planeta. Não se enganem, a Ómicron causa hospitalizações e mortes, e mesmo os casos menos graves estão a sobrecarregarem as unidades de saúde", sublinhou Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa em Genebra, na Suíça.

Embora a variante possa ser menos grave em média, "a narrativa de que é uma doença leve é enganosa", vincou.

A OMS coloca em cima da mesa a possibilidade de novas variantes provenientes do "incrível crescimento da Ómicron a nível global".

Ghebreyesus afirma que "novas variantes provavelmente surgirão, e é por isso que o rastreamento e a avaliação permanecem críticos".

"Continuo particularmente preocupado com muitos países que têm baixas taxas de vacinação, pois as pessoas correm muito mais risco de doenças graves e morte se não forem vacinadas", acrescentou.

O aumento da transmissibilidade da variante Ómicron terá impacto, sobretudo em países com menor taxa de vacinação, diz Mike Ryan, responsável pela resposta de emergência em saúde pública da OMS.

"Um aumento exponencial de casos, independentemente da gravidade das variantes individuais, leva a um aumento inevitável de hospitalizações e mortes", sustentou Ryan.
Pico de infeções na Europa
As evidências da propagação da variante Ómicron por todo o continente são claras, com as autoridades de saúde de vários países europeus a registarem novos recordes de infeções nos últimos dias.

A França notificou quase meio milhão de novos casos diários na terça-feira, quatro vezes mais que o dia anterior.

Já a Alemanha registou, pela primeira vez desde o início da pandemia, mais de 100 mil novas infecções.

As autoridades dinamarquesas, relataram um recorde de 33.493 novos casos diários de Covid-19 nas últimas 24 horas. Itália registou 228.179 novas infecções, contra 83.403 no dia anterior.

Portugal também notifica um novo máximo de casos de Covid-19 no dia de ontem. Com o registo de mais 43.729 infeções, sublinham-se também 46 mortes, o número mais elevado desde fevereiro. Os internamentos voltaram a aumentar, com 1.955 pessoas internadas, das quais 160 em cuidados intensivos.

Na última semana, a OMS estima que a variante Ómicron chegou a 18 milhões de novas infecções em todo o mundo.
Indícios de abrandamento
A Irlanda revela que os números das novas infeções começaram a descer nos últimos dias. O ministro da Saúde Stephen Donnelly afirmou à emissora pública RTÉ que "as restrições introduzidas no Natal e no Ano Novo podem suavizar até o final do mês".

A onda Ómicron em Espanha parece estar a abrandar. As autoridades espanholas dizem que as novas infeções começaram a reduzir.

O Reino Unido também anunciou uma descida nos casos diários e o Governo deve rever as medidas restritivas em vigor, perante os dados mais recentes serem "encorajadores".

O diretor da OMS mantém-se cauteloso e sublinha que a variante Ómicron não é benigna.

"Em alguns países, os casos de Covid parecem ter atingido o pico, dando esperança de que o pior desta última onda já passou, mas nenhum país está fora de perigo", rematou Tedros Ghebreyesus.
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