Covid-19. Aragão, a região da Europa com mais casos

por Cristina Sambado - RTP
Enric Fontcuberta - EPA

Aragão, mais concretamente a capital Saragoça, é nesta altura o epicentro do aumento de novos casos de Covid-19. Aragão tornou-se a região europeia com maior incidência acumulada: 567 casos por cada 100 mil habitantes. As autoridades de saúde aragonesas alertam para o facto de o pico de infeções ainda não ter sido atingido.

Os hospitais da região começam a sentir pressão. Há 491 pessoas internadas, das quais 42 em Unidades de Cuidados Intensivos, um número que duplicou nos últimos dez dias. O governo de Aragão pediu aos funcionários públicos para suspenderem as férias e pediu ajuda a médicos reformados.

Nos últimos dias, Aragão tem detetado diariamente entre 400 a 650 novos casos de infeção por Covid-19. Ontem foram confirmados mais 614. A grande maioria na capital, Saragoça.

O diário espanhol El País afirma que já se pode falar de casos de transmissão comunitária, ou seja, infeções em que a origem ainda não foi descoberta.

Uma tempestade perfeita” é desta forma que Javier Lambán, presidente do Governo regional de Aragão classifica a situação na capital da região, com mais de 700 mil habitantes.

Para Lambán, a animação noturna e juvenil em Saragoça conjugadas com o número de trabalhadores sazonais, que recolhem a fruta em áreas agrícolas, são os motivos para os elevados números de infeção por Covid-19. “Isso não acontece em outras cidades”, acrescenta.

Em Saragoça os casos espalham-se pela cidade
. E nem exames de diagnósticos massivos em bairros específicos, como a Catalunha vai realizar em Sabardell, Terrassa e Roplollet, conseguem travar o contágio. A segunda região espanhola com mais casos é a Catalunha, com uma taxa de 153 por cada 100 mil habitantes.

Na capital aragonesa, as infeções estão espalhadas por todos os bairros, com o mais incidência no bairro Delicias, o mais povoado, com mais trabalhadores sazonais e com rendimentos mais baixos.

A elevada densidade populacional, a mobilidade e as precárias condições de vida dos trabalhadores sazonais, são as características que mais preocupam os especialistas, por dificultarem o controlo das correntes de transmissão.

O Governo aragonês decidiu, na passada segunda-feira, estender a toda a região a redução de horário dos restaurantes, a proibição de vida noturna e o consumo de álcool nas ruas.

Junta-se a isso surtos em lares de idosos, onde vive a população mais vulnerável. O El País dá o exemplo de um lar em Teruel onde, na passada semana, foram detetados 80 casos de infeção.

A 23 de julho, o Governo espanhol colocou a região de Aragão na “fase dois rígida”. No entanto, passaram 13 dias e os casos continuam a aumentar.

O epidemiologista Fernando Rodríguez Artalejo afirmou, ao El País, que é necessário esperar 14 dias para ver se as medidas implementadas em Saragoça conseguem estabilizar o aparecimento de novos casos.

“Se a percentagem de casos positivos, de acordo com a data de aparecimento dos sintomas, continuar a aumentar teremos de pensar em ser mais rigorosos”, acrescentou o epidemiologista.

Para Rodríguez Artalejo, o confinamento é essencial na contenção da pandemia.

Já José María Abad, o diretor de saúde de Aragão, reconhece que há transmissão comunitária, e que os profissionais estão exaustos. Mas garante que a situação nos hospitais é controlável. Os 419 casos de Covid-19 que estão internados “ocupam apenas 12 por cento das camas disponíveis”.
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