Covid-19. Argentinos rompem confinamento para protestar contra a quarentena e Governo

por Mário Aleixo - RTP
Os argentinos saíram à rua para protestar contra a quarentena e o governo Juan Ignacio Roncoroni - EPA

Milhares de argentinos protestaram em massa em mais de 80 cidades contra a quarentena mais prolongada do mundo e em defesa da "liberdade e da justiça" em alusão ao dia da independência do país.

Pelas ruas das principais cidades, a bandeiras de comemoração do 9 de julho, dia da Independência, tornaram-se bandeiras de protesto. As buzinas das longas caravanas de carros e as panelas a bater das janelas uniram-se num grito por "liberdade" que pretendia chegar ao governo.

Para terem certeza disso, centenas de pessoas aglomeraram-se em frente à residência presidencial de Olivos, na área metropolitana de Buenos Aires e em frente à Casa Rosada, sede do Governo, na Praça de Maio.

"O Governo aproveita-se da situação económica vulnerável das empresas e do povo confinado para avançar contra a propriedade privada e contra a liberdade de expressão", reclamou Carlos Santoro, um dos manifestantes em frente à residência presidencial.

"Marchamos pela liberdade, pela justiça e pelo bem-estar dos argentinos. Os comerciantes estão a falir enquanto o presidente empenha-se numa quarentena eterna e insustentável", gritou um manifestante por megafone, disparando gritos de "liberdade, liberdade".

De dentro da residência oficial de Olivos, o presidente respondeu numa videoconferência com os governadores pelo dia da Independência. "Vim aqui para terminar com os `odiadores` seriais. Não venho instalar um discurso único. Sei que há diversidade, mas preciso que seja conduzida com responsabilidade", pediu.

"Na polarização social argentina, um terço da população apoia o governo. Outro terço é contra. Mas há um terço flutuante que, de acordo com as circunstâncias, inclina-se para um lado ou para outro. E essa faixa da população demonstra cansaço porque está angustiada, porque a situação económica e social deteriorou-se muito e porque vê ameaças à liberdade", disse à Lusa o analista político Rosendo Fraga, uma referência no país.

Os manifestantes também protestaram contra o que chamam de "infetadura": uma mistura de infeção com ditadura. O termo procura ilustrar que Alberto Fernández governa por decretos enquanto o congresso não se reúne e a justiça decidiu continuar em quarentena.

A credibilidade de Alberto Fernández, que completa sete meses no cargo, quatro dos quais em quarentena, vem em queda livre. Todas as sondagens apontam para perdas entre 15 e 25 pontos de imagem positiva, voltando ao nível prévio à pandemia.

c/ agências

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