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Covid-19. Arquiteto da estratégia sueca admite: "Podíamos ter feito melhor"

por Andreia Martins - RTP
Na Suécia, os ginásios, escolas, bares e restaurantes continuaram abertos nos últimos meses. Reuters

O epidemiologista que delineou a estratégia da Suécia no combate ao novo coronavírus admitiu esta quarta-feira que errou e que podiam ter sido tomadas outras medidas no combate à pandemia naquele país. Nos últimos meses, o Governo de Estocolmo adotou uma postura mais flexível por comparação a outros países europeus em que o confinamento da população foi sobretudo voluntário. No entanto, o país registou um número de mortos muito mais elevado do que os vizinhos, com mais de 4.400 óbitos e 38 mil casos confirmados.

Questionado sobre o número de mortes na Suécia, Anders Tegnell, epidemiologista-chefe da Agência de Saúde Pública, admite que houve demasiados óbitos no país e que a estratégia adotada pode não ter sido a melhor.

“Se tivéssemos de enfrentar a mesma doença, sabendo o que sabemos hoje, penso que teríamos feito algo entre o que fizemos e o que o resto do mundo fez. (…) Sim, acho que podíamos ter feito melhor do que fizemos”, admitiu o responsável em entrevista a uma rádio sueca.

Anders Tegnell refere, no entanto, que teria sido difícil saber que medidas adotadas noutros países poderiam ter sido mais eficazes na Suécia e que o confinamento completo não teria sido a solução: “Talvez possamos descobrir, agora que as restrições começaram a ser levantadas, uma de cada vez. Talvez agora tenhamos mais informações sobre o que podíamos ter feito, em conjunto com o que fizemos, sem adotar um bloqueio total”.

“Outros países começaram a implementar várias medidas ao mesmo tempo. O problema é que, assim, não sabemos qual das medidas tomadas foi realmente eficaz”, acrescentou.

A Suécia é um dos países do mundo onde o número de mortes por Covid-19 per capita é mais elevado. Na semana entre o final de maio e até 2 de junho, o país ocupou mesmo o lugar cimeiro neste ranking onde nenhuma nação quer estar, à frente de países como o Reino Unido, Brasil, Espanha e Estados Unidos.

As declarações surgem numa altura em que o primeiro-ministro sueco anunciou que o Governo iria iniciar uma investigação sobre a estratégia adotada durante a pandemia. Ao contrário do que fizeram outros países europeus, a Suécia convidou os cidadãos a evitarem voluntariamente os contactos sociais. O país baniu aglomerados até 50 pessoas e pediu aos idosos e pessoas doentes que evitassem sair de casa, mas os ginásios, escolas, bares e restaurantes continuaram abertos.

A resposta sueca à pandemia recolheu alguns elogios, uma vez que não paralisou por completo a economia, mas revelou-se nas últimas semanas menos eficaz perante a evolução epidemiológica naquele país. E se na fase inicial de disseminação da Covid-19 houve consenso político numa maior flexibilização de medidas, agora a maioria dos partidos quer estudar o que correu mal.

Com medidas muito mais relaxadas que as adotadas pelos vizinhos, a Dinamarca e a Noruega anunciaram na semana passada a reabertura das respetivas fronteiras entre os países nórdicos, mas excluíram a Suécia. Neste país registaram-se 449 mortes por Covid-19 por cada milhão de habitantes, um número muito mais elevado do que na Noruega (45), Dinamarca (100) ou Finlândia (58).

O número de mortos na Suécia ultrapassa nesta altura os 4.400 e há mais de 38 mil casos confirmados no país.
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