Covid-19. Bolsonaro ameaça retirar Brasil da Organização Mundial da Saúde

por Mário Aleixo - RTP
Jair Bolsonaro ameaça retirar o Brasil da Organização Mundial de Saúde EPA

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ameaçou retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS), após acusar a entidade de atuar de forma "política", "partidária" e "ideológica" num momento de pandemia de covid-19.

"Eu adianto aqui, os Estados Unidos saíram da OMS. Nós estudamos isso, no futuro... ou a OMS trabalha sem fins ideológico, ou saímos de lá também. Não precisamos de gente de lá de fora a dar palpite na saúde aqui dentro", afirmou Bolsonaro a jornalistas e apoiantes à entrada do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.

"Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá", acrescentou.

Bolsonaro aproxima-se assim da posição tomada pelo seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que no final de maio afirmou que os Estados Unidos iriam deixar de financiar a OMS e "redirecionar os fundos para outras necessidades urgentes e globais de saúde pública que possam surgir".

As "razões" de Trump

Donald Trump alegou que a OMS não soube responder de forma eficaz ao seu apelo para introduzir alterações no seu modelo de financiamento, depois de já ter ameaçado cortar o financiamento norte-americano a esta organização das Nações Unidas.

No início deste mês, o presidente norte-americano tinha feito um ultimato à OMS, ameaçando cortar a ligação à organização se não fossem feitas reformas profundas na sua estrutura e no seu "modus operandi".

Nessa altura, Trump suspendeu temporariamente o financiamento à OMS, no valor que está estimado em cerca de 400 milhões de euros anuais, o que corresponde a 15% do orçamento da organização.

Dívida brasileira à OPAS

A declaração de Bolsonaro sobre uma eventual saída do Brasil da entidade, acontece um dia após a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), vinculada à OMS, ter cobrado uma dívida de 24,2 milhões de dólares (21,4 milhões de euros) referente a pagamentos que o governo brasileiro tem em atraso para com a entidade, segundo o jornal O Globo.

Em resposta indireta Bolsonaro argumentou: "O Trump cortou a grana (dinheiro) deles (OMS) e eles voltaram atrás em tudo. É só tirar a grana que eles começam a pensar diferente", acrescentou Bolsonaro na sexta-feira, fazendo referência ao facto de a Organização ter retomado estudos clínicos com hidroxicloroquina para tratamento da covid-19.

Bolsonaro é um confesso admirador de Donald Trump, com quem tem fortalecido relações desde que chegou ao poder, em janeiro de 2019.
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