Covid-19. China e Estados Unidos devem unir-se, defende Presidente chinês

por Cristina Sambado - RTP
Evgenia Novozhenina - Reuters

O Presidente da China afirmou nas últimas hora ao homólogo norte-americano, Donald Trump, que os países devem "unir-se contra a pandemia", apesar da crescente rivalidade, noticiou a imprensa estatal chinesa.

“A China está pronta para continuar a partilhar, sem reservas, informação e experiência com os Estados Unidos”, afirmou o Presidente chinês ao seu homólogo norte-americano durante um telefonema.

Xi afirmou também a Trump que “a cooperação entre os países era a única e correta opção. E a China está disposta a ajudar os Estados Unidos na contenção do novo coronavírus”

“Só uma resposta coletiva da comunidade internacional pode ganhar esta batalha”
, acrescentou o Presidente chinês. Os Estados Unidos registam 85.612 casos confirmados e a China 81.340.

Xi Jinping frisou ainda que “trabalhar em conjunto traz benefícios para os dois lados. A cooperação é a única opção”.

"Espero que o lado americano tome medidas concretas para melhorar as relações bilaterais", acrescentou o Presidente chinês, apontando a venda e doação de equipamento médico aos Estados Unidos, que são já o país com mais casos diagnosticados de infeção.

Xi apelou ainda a Washington para que tome “medidas efetivas para proteger a vida dos chineses nos EUA”.

O líder chinês pediu também a aceleração da cooperação e investigação científica à escala global para derrotar um inimigo que "não distingue etnias" e é "comum à humanidade".

Xi reiterou a Trump que o seu país tinha sido aberto e transparente sobre a epidemia, que já infetou mais de 80 mil pessoas no país. E ofereceu apoio aos Estados Unidos que têm agora mais casos de infeção pelo novo coronavírus que a China.

O Presidente norte-americano confirmou o telefonema com o seu homólogo chinês. E no Twitter afirmou que os dois países estavam a “trabalhar juntos”.

“Terminei uma conversa muito boa com o Presidente Xi. (…) A China passou por muita coisa e desenvolveu um forte entendimento do novo coronavírus. Estamos a trabalhar juntos. Muito respeito”.


A chamada decorreu após uma longa troca de acusações entre Pequim e Washington sobre o novo coronavírus
. Com Donald Trump e Mike Pompeo a referirem frequentemente a Covid-19 como “vírus chinês”, o que provocou a indignação na China.

O Governo chinês acusou Trump de "fugir às suas responsabilidades" e vários diplomatas chineses partilharam teorias da conspiração através da rede social Twitter, bloqueada na China, a defender que o vírus foi introduzido no país por militares norte-americanos, apesar da ausência de evidências científicas.
China com 54 casos importados
Ao fim de três dias, a China anunciou um caso de contágio local. Nas últimas 24 horas foram registados 55 novos infetados, elevando para 81.340 o número de infeções.

As autoridades de saúde chinesas indicaram que 54 casos são importados, ou seja, pessoas que estão a regressar do exterior, e apenas um caso de contágio local, também detetado na província de Zhejiang, no leste da China.

A Comissão de Saúde da China indicou que, até à meia-noite na China (16h00 de quinta-feira em Lisboa), morreram mais cinco pessoas no país, devido à infeção pelo novo coronavírus, o que fixa em 3.292 o número de vítimas mortais.

Wuhan, no centro da China onde foram detetados os primeiros casos da Covid-19, contou quatro das cinco mortes, o que eleva para 2.535 o número de vítimas mortais na cidade.

Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou assim a registar centenas de casos oriundos do exterior.

Para impedir uma segunda vaga de contágios no país, o Governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar na China.
Voos internacionais suspensos
Na quinta-feira, o Governo chinês anunciou que vai suspender temporariamente, a partir de sábado, a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo quem possui visto ou autorização de residência, como medida de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

A medida abrange estrangeiros com visto de negócios ou estudo ou com autorização de residência por motivos de trabalho ou reunificação familiar, detalhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
Cerca de 90 por cento dos voos internacionais para a China serão suspensos, o que vai reduzir o número de chegadas de 25 mil para cerca de cinco mil.

"A suspensão é uma medida temporária que a China é obrigada a tomar à luz do surto e das práticas nos outros países", acrescenta na mesma nota.

A decisão, que entra em vigor à meia-noite de sábado [hora local], abrange ainda vistos de trânsito ou a isenção de visto por 30 dias na ilha de Hainan, no extremo sul do país.

A política de isenção de visto de 144 horas adotada pela província de Guangdong para grupos de turistas estrangeiros oriundos de Hong Kong e de Macau também será temporariamente suspensa.

O país continuará, no entanto, a permitir a entrada a estrangeiros com vistos diplomáticos ou de serviço.

O comunicado ressalva ainda que os estrangeiros que vierem à China para atividades económicas, comerciais, científicas ou tecnológicas ou por necessidades humanitárias de emergência poderão solicitar vistos nas embaixadas ou consulados chineses, ficando o processo dependente da avaliação pelas autoridades do país asiático.

A Administração Nacional de Aviação Civil da China anunciou também que vai impor, a partir de domingo, uma redução drástica nos voos internacionais.

Em comunicado, a Administração informou que cada companhia aérea chinesa poderá realizar apenas uma ligação de ida e volta por semana para cada país. Também uma empresa estrangeira poderá voar apenas uma vez por semana para os seus destinos fora da China.

c/ agências
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