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Covid-19. Espanha autoriza ensaio da vacina da Johnson & Johnson

por RTP
Os resultados deste ensaio poderão demorar entre seis a nove meses a estar disponíveis. Dado Ruvic - Reuters

O Ministério espanhol da Saúde anunciou esta quarta-feira que foi autorizado o ensaio clínico da vacina contra a Covid-19 produzida pela farmacêutica Janssen, que pertence à multinacional norte-americana Johnson & Johnson. Esta é a primeira vez que Espanha autoriza a terceira fase de um ensaio de uma vacina contra o novo coronavírus.

Este é um “ensaio fundamental”, considerou o Ministério da Saúde do país vizinho num comunicado, explicando que irá administrar-se a vacina ou um placebo aos voluntários de modo a que se entenda o grau de segurança e eficácia. Serão fornecidas duas doses com cerca de dois meses de intervalo.

Este ensaio clínico, agora aprovado pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde, vai envolver 30 mil voluntários distribuídos por vários países. Para além de Espanha, também Bélgica, Colômbia, França, Alemanha, Filipinas, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos participarão.

Os voluntários em todos estes países ainda estão a ser recrutados. Em Espanha, nove hospitais começarão “tão rápido quanto possível” à procura de pessoas que queiram participar nos testes à nova vacina. Os resultados deste ensaio poderão demorar entre seis a nove meses a estar disponíveis.

A vacina da Johnson & Johnson utiliza um vírus da gripe comum geneticamente modificado para que se torne aparentemente mais inofensivo e se assemelhe ao novo coronavírus a um nível molecular. Assim sendo, deverá apresentar menos riscos às pessoas vacinadas.

A intenção desta estratégia é fazer com que o sistema imunitário passe a reconhecer o novo coronavírus e a lutar contra o mesmo.

Nesta terceira fase do ensaio, a farmacêutica começará por “vacinar participantes sem doenças prévias que possam ser associadas a um maior risco de doença grave provocada pela Covid-19”, explicou o Ministério espanhol da Saúde.

Um comité independente irá avaliar a segurança desta primeira etapa. Apenas depois se poderá começar a administrar a vacina a voluntários com outras doenças associadas.
Terceira fase do ensaio quer comprovar eficácia
Todas as vacinas experimentais têm obrigatoriamente, depois dos primeiros testes realizados em animais, de passar por três fases de testes em humanos para que possam ser comercializadas.

A primeira fase conta com algumas dezenas de voluntários saudáveis e serve para descartar efeitos graves da vacina. A fase dois abrange geralmente centenas de pessoas e procura confirmar a segurança da vacina e analisar a resposta do sistema imunitário, permitindo ajustar as doses administradas. A fase 3, que a Johnson & Johnson vai agora iniciar, serve para comprovar que a vacina é eficaz e segura, contando para isso com dezenas de milhares de participantes.

“Estes ensaios clínicos fazem parte dos requisitos que devem levar a cabo todas as vacinas em investigação para demonstrarem a sua qualidade, segurança e eficácia. Apenas depois de avaliadas pode ser autorizada a sua comercialização”, frisa o comunicado do Ministério espanhol da Saúde.

A Comissão Europeia mantém, nesta altura, um acordo preliminar de compra de 200 milhões de doses da vacina da Janssen, à semelhança de acordos realizados com outras farmacêuticas.

Este novo avanço chega depois de outras empresas terem anunciado elevado grau de eficácia das suas vacinas. Foi o caso da Pfizer, que garante uma eficácia de 90 por cento, da Moderna, que assegura 94,5 por cento, e da russa Sputnik V, que poderá ter 92 por cento de eficácia.

A busca por uma vacina verdadeiramente eficaz torna-se cada vez mais urgente, numa altura em muitos países atravessam uma segunda onda da pandemia. Desde que surgiu pela primeira vez, há quase um ano, o novo coronavírus já infetou 55,6 milhões de pessoas por todo o mundo e fez 1,3 milhões de vítimas mortais.
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