Covid-19. Espanha revê o número de óbitos em baixa acentuada

por RTP
Em Madrid as esplanadas voltaram a abrir ao fim de mais de dois meses. Sergio Perez - Reuters

O Governo espanhol corrigiu esta segunda-feira o número de óbitos desde o início da pandemia para 26.834 mortos, menos 1.918 óbitos que o balanço do dia anterior. As autoridades sanitárias explicam que a enorme discrepância nos números se deve a um novo sistema de contabilização que elimina duplicações e elimina os casos de mortes que foram atribuídas ao novo coronavírus. Mas admitem que vão continuar a verificar se estes números "estão corretos".

O número de casos confirmados também foi revisto, tendo passado de 235.772 no domingo para 235.400 esta segunda, bem como o número de doentes hospitalizados desde março, que passou de 124.845 no domingo para 122.439, na segunda-feira.

Para já, o executivo espanhol explica as diferenças com o novo sistema de contabilização dos dados. O Ministério espanhol da Saúde depende da informação que é facultada pelas regiões autónomas e, até 10 de maio, os dados eram reportados diariamente de forma agregada pelas várias comunidades.

No entanto, desde então, existe uma nova estratégia de contabilização dos dados, que requer das comunidades autónomas uma notificação individual e diária dos casos confirmados. O novo sistema levou à retificação de duplicações ou eliminou casos que tinham sido indevidamente identificados.

“Estamos satisfeitos com a crescente qualidade da informação disponível, o que nos permite tomar melhores decisões”, acrescentou Fernando Simón, diretor do Centro de Alertas e Emergências Sanitárias, do Ministério espanhol da Saúde,

Reconhece, ainda assim, que uma variação de 1.918 óbitos “é muito significativa”. “Estamos a tentar verificar se os números estão corretos. Neste momento são os números que temos”, acrescentou, admitindo que a discrepância “poderá persistir por vários dias”.

“Isto é algo que acontece durante uma epidemia. Quando a evolução de uma epidemia nos dá mais algum tempo, conseguimos corrigir alguns números e, em alguns casos, temos de os retificar”, disse ainda o responsável espanhol, citado pela agência France Presse.

Dos 1.918 óbitos retirados da contabilização total, mais de 1.100 estavam atribuídos à comunidade da Catalunha, que nos últimos dias reviu em baixa os números regionais por várias vezes.

Segundo o jornal El País, outras comunidades também reviram em baixa a contabilização do número de óbitos, ainda que de forma menos significativa que a Catalunha: por exemplo, em Madrid, surgem menos 291 mortes no relatório desta segunda-feira, em Castela-Mancha, menos 152 mortes e na Comunidade Valenciana menos 62 mortes.

A revisão dos números não se fica por aqui: foram acrescentados mais 50 óbitos em relação a domingo, mas essas mortes não ocorreram nas últimas 24 horas, e sim nos últimos sete dias.

Esta atualização dos dados é feita no dia em que várias regiões espanholas – Madrid, Barcelona e Castela e Leão, as mais atingidas pela pandemia – passaram à “fase um” do plano de desconfinamento do Governo, com o alívio de algumas das medidas de controlo.

A partir de hoje, e tal como no resto de Espanha desde há duas semanas, passa a ser permitida a abertura de esplanadas ou ajuntamentos em casa ou no exterior até dez pessoas, garantindo ainda assim o distanciamento social.

Espanha tem seguido um ritmo lento ao nível do desconfinamento. Na semana passada, o Governo de Pedro Sánchez conseguiu fazer aprovar no Congresso dos Deputados o prolongamento do estado de emergência por mais duas semanas, até 6 de junho.

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