Covid-19. França avança para uma reforma na saúde

por RTP
Gonzalo Fuentes - Reuters

Esta segunda-feira marca o início de uma reforma apelidada pelo Governo francês de "Segurança em Saúde". O plano prevê a reestruturação do sistema de saúde francês em sete semanas e promete uma melhoria dos salários e carreiras dos profissionais do sector.

Em março, no auge da crise provocada pela pandemia, o Presidente francês Emmanuel Macron assumiu o compromisso de recuperar o sistema de saúde, admitindo um “erro de estratégia” neste setor por parte do seu executivo.

Macron considerou-se responsável pela forma como o sistema de saúde foi reestruturado desde que assumiu a presidência em 2017 e reconheceu que a reforma anunciada em 2018 “não era suficiente”.

Neste âmbito, o Chefe de Estado francês anunciou uma reforma neste setor com vista a melhorar os salários e carreiras dos profissionais de saúde. O plano “Segurança em Saúde” ambiciona uma “redefinição do sistema de saúde francês” num prazo de sete semanas.

A restruturação será divulgada oficialmente esta segunda-feira e assenta em quatro pilares: revalorização dos salários e das carreiras dos profissionais de saúde, investimento nos edifícios e material, criação de um sistema mais flexível e mais “descentralizado” e uma nova organização do sistema de saúde com base no território.

Às 15h30, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, e o ministro da Saúde, Olivier Véran, irão anunciar por videoconferência esta reforma a cerca de 300 representantes da saúde de todo o mundo.

“Vamos quebrar o corporativismo, hábitos, inércia. Seremos transgressivos, se necessário”, prometeu Véran a 20 de maio, assegurando aos profissionais de saúde que “nada será mais o mesmo”.
Uma reforma há muito aguardada
O anúncio desta reestruturação no sistema de saúde francês foi recebida de bom grado pelos profissionais do setor que durante anos viram as suas reclamações negadas.

Perante esta reforma, o ministro da Saúde prometeu aos enfermeiros franceses salários que atingirão “pelo menos a média europeia”, o que pressupõe um investimento de cerca de 720 milhões de euros por ano. O salário máximo para um enfermeiro francês é de 39 mil euros anuais, menos seis mil euros do que a média da OCDE.

É um milagre”, disse a médica francesa Sophie Crozier ao jornal Libération sobre a reforma na saúde. “Mas se nada acontecer será uma queda terrível”, sublinhou.

Médicos, enfermeiros, auxiliares e prestadores de cuidados de saúde franceses assinaram um manifesto onde enumeram as medidas que devem ser tidas em conta pelo executivo para “salvar o hospital e o sistema de saúde” no país.

França está entre os países europeus mais afetados pela pandemia e regista mais de 182 mil infetados e mais de 28 mil óbitos. A nível global, a Covid-19 já provocou mais de 345 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas.
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