Covid-19. Investigadores criticam estratégia desastrosa da Suécia

por RTP
Reuters

Um grupo de 22 investigadores escreveu uma carta em que pede medidas imediatas e radicais do governo sueco para controlar a disseminação do novo coronavírus no país e prevenir o possível colapso do sistema de saúde da Suécia. A carta arrasa a estratégia governativa para lidar com a pandemia e acusa as autoridades de saúde de não terem tomado as devidas precauções.

De acordo com o grupo, a Agência de Saúde Pública da Suécia tem afirmado que a curva da pandemia no país tem estado num planalto, apesar de os números crescerem cada vez mais. Os suecos não se mostram receptivos a novas medidas apesar de o crescimento dos números variar de forma drástica quando comparados com os países vizinhos.

Neste momento, a Suécia tem perto de 12 mil casos confirmados de infeções pelo novo coronavírus e 1200 mortes. Números que excedem aqueles registados nos países vizinhos. Com medidas mais restritivas impostas, por exemplo a Dinamarca tem mais de 6800 casos e 300 mortes, a Noruega apresenta mais de 6700 casos confirmados e 145 mortes e na Finlândia há registo de 3200 casos e apenas 64 mortes.

Na Suécia sempre houve a convicção de que os cidadãos realizariam sem problemas o confinamento e manteriam a distância social.

“Isto acontece porque os suecos receberam indicações duvidosas da Autoridade de Saúde Pública e dos nossos políticos eleitos. Se não tomarmos medidas fortes agora, vamos ter de o fazer mais tarde”, explicou Jan Lotvall, professor de alergologia na universidade de Gotemburgo.

Na carta escrita, os investigadores pedem ao governo ação imediata para travar o vírus na Suécia, sugerindo medidas como o encerramento de escolas e restaurantes, testes em massa para os que trabalham no setor da saúde e quarentenas reforçadas no caso de uma confirmação de Covid-19 no seio de uma família.

No entanto, o responsável pela estratégia sueca para lutar contra a epidemia, o epidemiologista de Estado Anders Tegnell, não percebe os pedidos.

“Não percebo o que querem dizer. O sistema de saúde sempre esteve sob controlo. Se olharmos para a curva, tivemos de forma consistente 60 mortes por dia. Tivemos um episódio infeliz com o desenvolvimento da doença nos lares mas começamos a agir sobre essa matéria”.

Tegnell deu o exemplo de Nova Iorque, cidade norte-americana que tem a mesma população da Suécia e apresenta dez vezes mais mortes que o país escandinavo. Para o epidemiologista, Nova Iorque representa o exemplo de falhas na imposição de um isolamento.

Tegnell também criticou a maneira como muitos países estão a lidar com a pandemia e a maneira como as vítimas mortais são contadas, bem como abordagens que podem levar a danos na economia sueca. Apesar de todos os pedidos de ação, o Governo sueco parece ignorar todos os apelos.
pub