O Governo japonês decidiu prolongar o estado de emergência em Tóquio e três outras regiões até ao final de maio. O objetivo é tentar travar a pandemia de Covid-19 no país que vai receber os Jogos Olímpicos a partir de 23 de julho.
As medidas em vigor desde 25 de abril, incluem a proibição de venda de bebidas alcoólicas pelos restaurantes, com multas para quem não cumprir, e pedidos não vinculativos para que lojas e cinemas encerrem temporariamente.Desde o início da pandemia de Covid-19, o Japão reportou 620 mil infeções e 10.600 óbitos.
As pessoas foram também impedidas de participar em grandes eventos, como jogos desportivos, e às empresas pediu-se que mantenham os trabalhadores em teletrabalho.
Apesar de os residentes terem sido aconselhados a evitar passeios não essenciais, a análise de tráfego de revela que muitas pessoas não querem ou não podem ficar em casa.
Embora o número de casos de infeção tenha caído em Tóquio no início desta semana, a queda foi atribuída a menos testes do que o normal devido à celebração do feriado da Golden Week, que terminou na quarta-feira. Esta sexta-feira, a capital japonesa registou 907 novas infeções, o que elevou o total para 144.441.
“Com base nas análises de vários ângulos, penso que necessitamos de um prolongamento do estado de emergência”, afirmou o governador de Tóquio, Yuriko Koike, antes do Governo anunciar a sua decisão-
Osaka - que é atualmente o epicentro da pandemia de Covid-19 no Japão – não tem camas hospitalares para doentes com sintomas graves e está numa “situação bastante perigosa”, acrescentou o ministro da Economia.
Segundo o The Guardian, “várias pessoas de Osaka morreram em casa enquanto aguardavam o tratamento”.
Yoshihide Suga foi criticado pela sua resposta à última vaga e ao lançamento da vacina no Japão, que só começou a inocular a população em fevereiro.
O país ainda não terminou a vacinação dos profissionais de saúde e mal começou a inocular as pessoas com mais de 65 anos.
Até agora, 2,2 por cento da população recebeu uma dose da vacina da Pfizer, a única aprovada pelo Ministério da Saúde. O Japão, que usou apenas 15 por cento das doses disponíveis, tem 24 milhões de vacinas armazenadas.
A última tentativa para reduzir o número de casos, acontece um dia depois da Pfizer/BioNTech ter chegado a acordo com o Comité Olímpico para oferecer vacinas a todos os atletas que vão participar nos Jogos Olímpicos que vão decorrer este verão.
Petição para cancelar os Jogos Olímpicos Uma petição online a pedir o cancelamento dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 devido à pandemia da Covid-19 ultrapassou as 200 mil assinaturas.
A campanha, lançada na quarta-feira pelo advogado, ativista e ex-candidato ao cargo de governador de Tóquio, Kenji Utsunomiya, é dirigida aos presidentes do Comité Olímpico Internacional (COI) e do Comité Paralímpico Internacional (IPC), Thomas Bach e Andrew Parsons, respetivamente.
É também dirigida ao primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, ao ministro responsável pelos Jogos Olímpicos, Tamayo Marukawa, à governadora de Tóquio, Yuriko Koike, e à presidente do Comité Organizador de Tóquio 2020, Seiko Hashimoto.
A iniciativa pede que os recursos atribuídos a estes eventos sejam usados para "proteger vidas", denuncia que "a pandemia esteja longe de ter terminada" e, conclui a organização, colocará vidas humanas em risco.
O acolhimento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos "não será possível sem a ajuda de numerosos profissionais de saúde, instituições médicas e valiosos recursos médicos. Contudo, vários profissionais médicos já disseram publicamente que não há lugar para mais exigências", acrescenta a petição.
Os trabalhadores da saúde no Japão revoltaram-se contra o plano de destacar dez mil funcionários da área para os Jogos Olímpicos, numa altura de enorme pressão da quarta vaga da Covid-19 no país.
"É muito possível que a realização dos Jogos Olímpicos conduza a um cenário de super-contágio", que agravará a situação atual, acrescentou a petição.
A petição, em Change.org, lembra que as sondagens efetuadas no Japão mostraram que 80 por cento dos inquiridos não querem a realização de Tóquio2020, e pede ainda aos responsáveis dos organismos envolvidos que ouçam "as vozes de dentro e de fora do Japão" em defesa do cancelamento dos Jogos.
Seiko Hashimoto já afirmou que seria “muito difícil” realizar a visita planeada ao Japão do presidente do COI, Thomas Bach, a 17 de maio.
c/agências