Crise em França. Lecornu anuncia "vontade" comum de aprovar orçamento e afasta dissolução

A poucas horas de expirar o ultimato dado pelo presidente francês, Sébastien Lecornu dirigiu-se ao país ao início da manhã desta quarta-feira para anunciar "uma boa notícia". O primeiro-ministro demissionário garante que "há uma vontade de ter um orçamento" antes de 31 de dezembro e afasta perspetivas de dissolução. Antes de apresentar as suas conclusões a Emmanuel Macron, Lecornu receberá durante o dia todas as forças políticas de esquerda.

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Stephane Mahe - Reuters

Vinte e quatro horas após o início das "últimas negociações" confiadas por Emmanuel Macron, Sébastien Lecornu destaca a "vontade" de todas as forças políticas com quem reuniu de "aprovar um Orçamento antes de 31 de dezembro deste ano", o que "afasta a perspetiva de dissolução". "Uma convergência que afasta a perspetiva de dissolução", saúda Sébastien Lecornu.

No seu discurso, o chefe de Governo demissionário não mencionou a impopular reforma das pensões. Lecornu disse que falará ao final do dia, após consultas com "todas as forças da esquerda republicana", nomeadamente os socialistas, comunistas e ecologistas, para "ver quais são as concessões que pedem e que estão dispostas a fazer". 

Entretanto sabe-se que Sébastien Lecornu estará no noticiário das 20h da France 2 para prestar declarações, segundo a imprensa francesa. Ao contrário de Emmanuel Macron que não fará declarações esta noite. 

Na terça-feira, a ministra da Educação demissionária, Elisabeth Borne, abriu a porta a uma "suspensão" da reforma das pensões que a própria tinha feito aprovar em 2023, quando era primeira-ministra. 

"Se essa é a condição para a estabilidade do país, devemos examinar as modalidades e as consequências concretas de uma suspensão até ao debate que deverá ocorrer durante as próximas eleições presidenciais", disse Elisabeth Borne, em entrevista ao diário Le Parisien
"Não haverá indemnizações para os ministros demissionários"

O primeiro-ministro demissionário expressou-se ainda sobre as indemnizações aos ministros demissionários, que após terem sido nomeados no domingo à noite por Sébastien Lecornu, foram, na manhã seguinte, destituídos das suas funções na sequência da demissão do chefe do Governo.

"É evidente que os ministros que tenham sido ministros durante algumas horas não terão direito a isso", esclareceu Lecornu, numa tentiva de acalmar a opinião pública. "Decidi suspendê-las, não se pode querer poupar se não se mantiver uma regra de exemplaridade", argumentou.

Em teoria, as poucas horas em que os ministros exerceram as suas funções permitem-lhes beneficiar de três meses de indemnização, ou seja, cerca de dez mil euros brutos mensais, 28 mil euros no total. 
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