Cuba. Protestos levam a importação de alimentos e medicamentos sem taxas alfandegárias, temporariamente

por Carla Quirino - RTP
Alexandre Meneghini - Reuters

Depois de milhares de cubanos saírem para a rua em protesto contra a escassez de produtos essenciais e o aumento dos preços, o Governo decidiu suspender os impostos sobre alimentos e medicamentos importados, até ao fim do ano.

A partir da próxima segunda-feira as mercadorias que entrarem em Cuba não pagam impostos alfandegários.

"Foi uma exigência de muitos viajantes e foi preciso tomar essa decisão", anunciou Manuel Marrero Cruz, primeiro-ministro de Cuba, numa reunião transmitida pela televisão estatal.
 
Citado pela BBC, acrescentou que o Executivo "avaliará as coisas" depois de 31 de dezembro.

A lei cubana permite a entrada até dez quilos de medicamentos sem impostos e aplica taxa nos alimentos e produtos de higiene pessoal, que tem limite de quantidade para entrar no país.

Não se sabe se a suspensão dos impostos alfandegários terá algum impacto no alivio da escassez porque os voos para Cuba não trazem muitas pessoas devido às restrições da pandemia.

Para os críticos do regime, a nova medida excecional não resolve a situação de fundo.

"Não, não queremos migalhas. Queremos liberdade", escreveu a jornalista Yoani Sanchez, no twitter, logo após o anúncio. "Não foi derramado sangue nas ruas de Cuba para importar algumas malas extras."
Durante os protestos, o acesso à internet foi cortado, para não haver publicações sobre as manifestações contra o Governo.

"Nos primeiros dias eles cortaram as ligações, cortaram tudo", disse Andrea Lopez, residente em Havana. "Tudo isso é como [o governo] quer".

Um morto e dezenas de prisões foi o balanço oficial dos confrontos dos últimos dias.

Cuba debate-se com uma crise económica difícil. O setor do turismo foi muito abalado com a Covid-19 e a fraca colheita do açúcar não ajudou nas exportações.

O Governo cubano culpa os Estados Unidos por manterem as sanções económicas e provocarem os protestos antigovernamentais.

A Casa Branca responde com o pedido de libertação dos manifestantes detidos nos ultimos dias.
 
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