Cuba. Protestos levam a importação de alimentos e medicamentos sem taxas alfandegárias, temporariamente
Depois de milhares de cubanos saírem para a rua em protesto contra a escassez de produtos essenciais e o aumento dos preços, o Governo decidiu suspender os impostos sobre alimentos e medicamentos importados, até ao fim do ano.
"Foi uma exigência de muitos viajantes e foi preciso tomar essa decisão", anunciou Manuel Marrero Cruz, primeiro-ministro de Cuba, numa reunião transmitida pela televisão estatal.
Citado pela BBC, acrescentou que o Executivo "avaliará as coisas" depois de 31 de dezembro.
A lei cubana permite a entrada até dez quilos de medicamentos sem impostos e aplica taxa nos alimentos e produtos de higiene pessoal, que tem limite de quantidade para entrar no país.
Não se sabe se a suspensão dos impostos alfandegários terá algum impacto no alivio da escassez porque os voos para Cuba não trazem muitas pessoas devido às restrições da pandemia.
Para os críticos do regime, a nova medida excecional não resolve a situação de fundo.
"Não, não queremos migalhas. Queremos liberdade", escreveu a jornalista Yoani Sanchez, no twitter, logo após o anúncio. "Não foi derramado sangue nas ruas de Cuba para importar algumas malas extras."
Durante os protestos, o acesso à internet foi cortado, para não haver publicações sobre as manifestações contra o Governo.No, no queremos migajas. Queremos libertad. La sangre no se derramó en las calles cubanas para poder importar unas maletas de más. La mayoría de los heridos o detenidos ni siquiera tiene a nadie que le traiga algo en su equipaje. #SOSCuba #11JCuba #CorredorHumanitario pic.twitter.com/yiZPsG629e
— Yoani Sánchez 🇨🇺 (@yoanisanchez) July 14, 2021
"Nos primeiros dias eles cortaram as ligações, cortaram tudo", disse Andrea Lopez, residente em Havana. "Tudo isso é como [o governo] quer".
Um morto e dezenas de prisões foi o balanço oficial dos confrontos dos últimos dias.
Cuba debate-se com uma crise económica difícil. O setor do turismo foi muito abalado com a Covid-19 e a fraca colheita do açúcar não ajudou nas exportações.
O Governo cubano culpa os Estados Unidos por manterem as sanções económicas e provocarem os protestos antigovernamentais.
A Casa Branca responde com o pedido de libertação dos manifestantes detidos nos ultimos dias.