A cidade de Pequim debate-se com milhares de infeções por covid-19 depois de as medidas restritivas chinesas terem sido aliviadas na semana passada como resposta à onda de manifestações contra os confinamentos. A explosão de novos casos volta a deixar as ruas vazias, não devido a qualquer restrição de movimentos mas por preocupação da população.
Após as autoridades chinesas atenuarem as medidas restritivas para combater o surto de SARS-CoV-2 em Pequim, os números de infeções subiram para valores tais que a população, uma parte doente, outra por receio, reduziu a presença nas ruas.
O impacto do surto na cidade foi visível nas zonas comerciais de Sanlitun na terça-feira. As lojas e restaurantes geralmente movimentados estavam sem clientes e, em alguns casos, a funcionarem com equipas mínimas ou produzindo apenas comida para fora.
Os escritórios também estão a registar falta de pessoal e mudanças no escalonamento dos horários de trabalho à medida que os funcionários adoecem com o vírus. Enquanto isso, muitas outras pessoas decidem não sair devido ao maior risco de infecção.
Zhong Nanshan, um epidemiologista chinês, afirmou à comunicação social estatal que a variante Ómicron do vírus predominante na China era altamente transmissível e uma pessoa infetada poderia contaminar pelo menos 18 outras.
Entretanto a Comissão Nacional de Saúde da China (NHC) desistiu de acompanhar todos os novos casos de covid, anunciando que não incluiria mais infecções assintomáticas na contagem diária.
"É impossível conhecer com precisão o número real de infecções assintomáticas", disse o NHC num comunicado de hoje, citando níveis reduzidos de testes oficiais.
Já os casos sintomáticos em todo o país na terça-feira foram de 2.249, dos quais 20 por cento detectados na capital.
Depois de as regras de testagem em massa terem sido descartadas na semana passada e reservados para apenas grupos, como profissionais de saúde, as contagens oficiais de novos casos cairam.
No sábado, as autoridades de saúde relataram 1.661 novas infeções em Pequim, uma queda de 42 por cento em relação às 3.974 em 6 de dezembro, um dia antes de as políticas nacionais serem drasticamente relaxadas, de acordo com a Reuters.
Mas o absentismo laboral vem testemunhar que afinal há muito mais casos na cidade de quase 22 milhões de habitantes.
O advogado de Pequim e ex-presidente da Câmara Americana de Comércio na China, James Zimmerman, declarou que cerca de 90 por cento das pessoas no seu escritório tinham covid, acima da metade de alguns dias atrás.