Dados de caixa negra apontam para queda intencional de Boeing na China

por Cristina Sambado - RTP
Carlos Garcia Rawlins - Reuters

Informações de uma caixa negra recuperada dos destroços do Boeing 737-800 da China Eastern Airlines que se despenhou em março, com 132 pessoas a bordo, indicam que a queda não foi acidental.

Os dados recolhidos apontam para que alguém tenha ativado os comandos que provocaram a queda da aeronave.

Até agora, os investigadores não encontraram qualquer falha mecânica ou técnica com o aparelho, revelam os relatórios de uma avaliação preliminar realizada nos Estados Unidos. O avião, que voava entre as cidades de Kunming (sudoeste) e Cantão (sudeste), despenhou-se na região de Guangxi no dia 21 de março, às 14h38 horas locais (7h38 em Lisboa), matando todas as pessoas a bordo (123 passageiros e nove membros da tripulação).

O avião fez o que foi ativado no cockpit”, avança o Wall Street Journal, o primeiro meio de comunicação norte-americano a avançar com a informação, citando fonte próxima da avaliação preliminar.

Segundo o relatório, dados dos gravadores da caixa negra, que foi recuperada no local do acidente, sugerem que as entradas nos controlos levaram o aparelho a um mergulho quase vertical.

Segundo o portal de rastreio de voos FlightRadar24, o avião caiu verticalmente e desceu quase oito mil metros em menos de três minutos.

Já a ABC News, que cita responsáveis norte-americanos, revela que o acidente foi causado por um ato intencional.

Segundo a Reuters, os investigadores estão a examinar se esta ação se deveu a uma ação intencional no cockpit, não tendo encontrado provas de avaria técnica.
O que sabemos até agora?
A Administração da Aviação Civil da China (CAAC), que está oficialmente encarregada da investigação, afirmou num comunicado no final de abril que ter elaborado um relatório preliminar sem fornecer detalhes sobre o que poderia ter causado o acidente.

A China Eastern Airlines já tinha revelado que os três pilotos a bordo eram qualificados, não tinham problemas de saúde, nem problemas financeiros.

Segundo a CAAC, o avião tinha a manutenção “em ordem”, bem como o certificado de aeronavegabilidade do aparelho.

A CAAC afirmou ainda que vai continuar a “realizar a investigação ao acidente de forma científica, rigorosa e ordenada”. Conforme exigido pelas regras internacionais da aviação, representantes do Gabinete de Segurança dos Transportes dos EUA estão a prestar assistência técnica.

A embaixada da China em Washington, o Gabinete  de Segurança dos Transportes dos EUA (NTSB), e a Boeing recusaram comentar a informação avançada pelo Wall Street Journal, devido a diretrizes estabelecidas pela Organização da Aviação Civil Internacional das Nações Unidas.

“Segundo as regras relativas a investigações de acidentes só a NTSB pode comentar uma averiguação de acidente”, afirmou um porta-voz da Boeing à BBC. A empresa já tinha afirmado que estava a colaborar com as investigações.
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