Os 60 deputados da bancada da Renamo no parlamento moçambicano vão descontar um dia de salário, cada, para um fundo destinado às vítimas da violência em Cabo Delgado, anunciou hoje o principal partido da oposição.
"Solidarizámo-nos com as vítimas da guerra em Cabo Delgado e é por isso que vamos descontar um dia de salário", afirmou o porta-voz e deputado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, Arnaldo Chalaua.
O deputado fez o anúncio durante o seu discurso após a informação anual do Provedor de Justiça.
O porta-voz da Renamo avançou que o sofrimento infligido à população de Cabo Delgado é mais uma prova de que a justiça está a ser negada à maioria da população moçambicana.
"De que justiça se fala, quando milhares de pessoas são obrigadas a fugir das suas casas por causa da violência armada em Cabo Delgado", questionou Arnaldo Chalaua.
O porta-voz da Renamo não especificou o valor da doação dos deputados da Renamo às vítimas de violência em Cabo Delgado, mantendo essa postura mesmo perante os pedidos dos jornalistas no final do seu discurso.
O salário mensal mais baixo de um deputado em Moçambique é de 65 mil meticais (752 euros) e o mais alto ultrapassa 100 mil meticais (1.157 euros).
Em outubro, os 184 deputados da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, descontaram dois dias de salário, cada, e ofereceram 10 toneladas de produtos diversos para as vítimas da violência armada em Cabo Delgado.
Além da Frelimo, com 184 assentos, e da Renamo, com 60 deputados, tem assento na AR o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira bancada, com seis deputados.
A província de Cabo Delgado é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.
A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 300.000 deslocados internos.