Derrota de candidato da Fretilin em Oecusse foi surpresa, admite presidente da região

por Lusa

O secretário-geral da Fretilin e presidente da região especial de Oecusse-Ambeno admitiu hoje ter ficado surpreendido pela derrota na votação naquela região do candidato do seu partido, Francisco Guterres "Lu-Olo", vencedor das presidenciais timorenses.

"Não esperava o resultado como tal mas esperava o chamado `all-out`", disse Mari Alkatiri em declarações à Lusa, referindo-se ao que diz ser a união de esforços para derrotar a Fretilin naquela região.

No país, os dois principais partidos, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT), apoiaram "Lu-Olo" mas na região especial, encravada em território indonésio e que tem como presidente o secretário-geral do partido histórico timorense.

"O que iria acontecer era que a aliança a nível nacional seria uma coisa e em Oecuse poderia tomar outra forma. Vinha dizendo isso ao nível do partido", disse, em declarações no rescaldo da vitória nas eleições de segunda-feira do candidato da Fretilin, o presidente do partido, Francisco Guterres "Lu-Olo".

Alkatiri disse que tinha explicado no partido que a estratégia dos adversários políticos era, "fundamentalmente, evitar que Oecusse fosse usado durante a campanha" para as eleições legislativas de junho "como elemento positivo da governação da Fretilin".

Questionado pela Lusa sobre esse resultado, o presidente eleito, Francisco Guterres "Lu-Olo", foi ainda mais direto considerando ter havido "pessoas do CNRT que estiveram diretamente envolvidos a fazer campanha" contra a sua candidatura naquela região.

Recorde-se que, a nível nacional, a Fretilin e o CNRT estiveram unidos no apoio a "Lu-Olo".

Um dos resultados parciais das eleições de segunda-feira que tem causado mais debate durante o dia de hoje diz respeito à votação na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno, que é presidida por Mari Alkatiri.

Apesar de nos últimos anos se terem injetado centenas de milhões de dólares em investimentos públicos, em projetos que tiveram sempre como rosto Mari Alkatiri - e por inerência a Fretilin - "Lu-Olo" acabou por perder na região.

Uma derrota mínima com Lu-Olo a obter 13.976 votos (46.06%), ligeiramente menos que António da Conceição, segujndo classificado nas eleições de segunda-feira, e que em Oecusse obteve 14.148 votos ou 46.62%.

Em termos gerais e com a contagem quase terminada - escrutinados 96,41% dos votos - Lu-Olo obteve 287.366 votos ou 57,52% contra os 160.552 ou 32,13% obtidos pelo segundo classificado, António da Conceição, bastante à frente do terceiro, José Luis Guterres, que se ficou pelos 13.111 votos ou 2,62%.

Noutro âmbito, Alkatiri rejeitou os comentários de quem tentou identificar a Fretilin com a velha geração, recordando que "há mais de 60 mil jovens membros da juventude do partido, entre os 17 e os 30 anos".

"Bastava ver nos comícios para ver que a maioria era jovens. Isto dava-me uma satisfação muito grande", considerou.

A pensar nas eleições legislativas, Alkatiri disse que o resultado demonstra que a população continua a favorecer a ideia do consenso, do diálogo e da unidade nacional, mas isso não implica qualquer coligação pré-eleitoral.

"Este resultado é importante, porque depois desses anos todos conseguiu-se reafirmar um sentido de justiça, que o Presidente da República é presidente da Fretilin", disse, numa referência ao facto dos dois primeiros presidentes do país, depois da proclamação unilateral da independência de Timor-Leste em 1975, terem sido líderes da Fretilin.

"Naturalmente temos que pensar que esta política de inclusão deve continuar para permitir consolidar a paz e a estabilidade e levar o desenvolvimento para a frente", afirmou.

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