Dezenas de mortos em combates apesar das negociações de paz

por Lusa

Forças afegãs e talibãs envolveram-se na noite de quarta-feira em violentos combates que provocaram dezenas de mortos no leste do país, enquanto prosseguem as conversações de paz, indicaram hoje responsáveis oficiais.

"Na noite passada, os combatentes talibãs efetuaram operações contra os postos das forças de segurança afegãs nos distritos de Hesarak, Sherzad e Khogyani", indicou Ataullah Khogyani, porta-voz do governador da província de Nangarhar, onde decorreram os ataques.

"Infelizmente, foram mortos 20 membros das forças de segurança afegãs", acrescentou, referindo-se ainda a dezenas de feridos.

"Foram mortos 29 combatentes talibãs, incluindo comandantes e combatentes talibãs estrangeiros, e 20 outros feridos", acrescentou Khogyani, citado pela agência noticiosa AFP.

Os talibãs ainda não reagiram oficialmente a estas declarações. Pelo contrário, o chefe da polícia da província, Farid Khan, confirmou o balanço.

Os combates quase coincidiram com as conversações de paz entre representantes do Governo afegão e os talibãs, iniciadas no sábado passado em Doha e destinadas a terminar com um conflito que assola o país desde 2001.

O ministro da Defesa afegão, Asadullah Khalid, assinalou que as violências prosseguem sem interrupção, apesar do início das negociações.

"Não existiu qualquer ataque da nossa parte... Os inimigos continuam a atacar e a fazer correr o sangue dos afegãos", declarou Khalid numa cerimónia em que as forças norte-americanas ofereceram às forças afegãs quatro aviões a turbopropulsor.

"Afirmo claramente, se os inimigos pensam que podem tomar o poder pela força, então é um sonho que nunca será realidade", explicou Khalid, segundo um comunicado do ministério da Defesa.

Numerosos altos responsáveis afegãos e os negociadores de Cabul apelaram a um cessar-fogo, mas os talibãs ainda não responderam a esta solicitação.

As conversações de paz foram iniciadas no sábado com vários meses de atraso, designadamente devido aos diferendos entre os dois campos sobre uma troca de prisioneiros.

Estas negociações são uma das condições do acordo entre os Estados Unidos e os talibãs assinado em fevereiro, que deverá implicar a retirada das forças estrangeiras do país até maio de 2021.

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