Dezenas de pessoas detidas em nova grande manifestação feminina na Bielorrússia

por Lusa

Dezenas de pessoas, a maioria mulheres, foram hoje detidas em Minsk durante uma nova grande manifestação feminina contra o Presidente bielorrusso, Alexandr Lukashenko, segundo um balanço da organização de direitos humanos Vasná.

A Organização Não Governamental (ONG) Vasná registou até ao momento 70 detenções, revelando-as numa lista provisória publicada no seu sítio oficial na Internet.

As detenções ocorreram assim que começou a tradicional manifestação feminina, que decorre aos sábados, tal como aconteceu na semana passada, quando mais de 300 pessoas foram detidas, notícia a agência EFE.

Entre os detidos de hoje está novamente a ativista veterana Nina Baguínskaya, de 73 anos, e que já se tornou uma figura icónica dos protestos na Bielorrússia.

Antes de ser levada para uma viatura policial, um agente mascarado tirou à força a sua bandeira vermelha e branca, que simboliza a oposição naquele país, situação registada em diversos vídeos publicados em redes sociais.

Nina Baguínskaya já tinha sido detida na manifestação feminina na semana passada e, tal como hoje, foi libertada passadas poucas horas, segundo revelou a ONG Vesná.

O objetivo do protesto pacífico de hoje, convocado pela oposição, foi de ensaiar em "ambiente festivo a tomada de posse" da líder da oposição, que está em exílio, Svetlana Tijanóvskaya, e que é considerada a legítima Presidente do país.

Vestidas de vermelho e branco, com rosas das mesmas cores nas mãos e centenas de bandeiras vermelhas e brancas, as mulheres que saíram hoje às ruas de Minsk mostraram faixas com o rosto da líder da oposição.

"Nosso presidente é Svetlana", gritava um grupo de mulheres.

Segundo a Comissão Eleitoral Central, Alexander Lukashenko obteve 80,1% dos votos nas eleições de 09 de agosto, face aos 10% de Tijanóvskaya.

Este resultado eleitoral é rejeitado pela oposição e por países do ocidente, que consideram fraudulento.

Apesar dos protestos dos cidadãos e das condenações internacionais, Lukashenko, no poder há 26 anos, assumiu o seu sexto mandato esta semana, numa cerimónia de posse que não foi anunciada.

Quer os Estados Unidos, quer a União Europeia já anunciaram que não reconhecem Alexander Lukashenko como presidente legítimo da Bielorrússia.

Várias jornalistas que cobriam a manifestação também foram detidos hoje, como tem sido hábito desde o início dos protestos pós-eleitorais.

"Não há lugar a perseguição de jornalistas na nova Bielorrússia. Não há lugar para censura na nova Bielorrússia. Na nova Bielorrússia, os jornalistas controlarão as autoridades e ninguém terá o direito de interferir", destacou, na sua página do canal Telegram, Tijanóvskaya.

Também hoje, na `Corrida pela Liberdade` num parque da capital, onde os manifestantes exigiram a libertação de presos políticos, aconteceram detenções.

Dos sete membros do Conselho de Coordenação para a transferência política de poder, apenas a escritora Svetlana Alexievich, Prêmio Nobel de Literatura, está em liberdade naquele país, com os restantes a estarem presos ou exilados.

Segundo informações recolhidas por Vesná, foram detidos cinco elementos da banda de música Best Sound Ban, quando tocavam na rua uma das canções mais conhecidas da lenda do rock soviético, Víktor Tsoi, a música `Changes`, que se tornou uma espécie de hino dos protestos na Bielorrússia.

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