Pelo menos 63 pessoas morreram no incêndio em Paradise, na Califórnia, e 631 foram dadas como desaparecidas, anunciaram as autoridades norte-americanas. O número de desaparecidos duplicou em poucas horas, vítimas de um incêndio que já obrigou mais de 50 mil pessoas a abandonar as suas casas. A Casa Branca já anunciou que Donald Trump vai este sábado à Califórnia para se encontrar pelas pessoas afetadas por este incêndio.
A algumas centenas de quilómetros a sul, o fogo de Woolsey já fez pelo menos três mortos.
O incêndio em Paradise, com cerca de 27 mil habitantes, é já o mais mortífero na história da Califórnia, desde que existem registos. Em 1933, um fogo em Griffith Park, em Los Angeles, tinha causado 29 mortos. É um dos incêndios mais gravosos da história dos Estados Unidos, desde o século XIX. Mais de 80 pessoas morreram no incêndio Big Burn, em agosto de 1910.
Dois incêndios deflagraram na semana passada no sul e no norte do estado da Califórnia e rapidamente avançaram em várias frentes, alimentados por ventos fortes, destruindo dezenas de milhares de edifícios e obrigando ao encerramento de escolas, ao corte de estradas e à evacuação de localidades inteiras.
De acordo com as autoridades, os dois incêndios já deixaram mais de 52.000 desalojados. Os centros de acolhimento são montados um pouco por todo o lado, até mesmo em estacionamentos de supermercados. Serão estes os locais e as pessoas que o presidente norte-americano deverá visitar, já este sábado.
“Não tivemos tempo para reagir. As notícias nem sequer diziam que o incêndio estava a caminho. Tudo aconteceu de repente”, revelou Eric Montague, morador em Chico. Ele, a mulher e uma filha estão temporariamente num pequeno apartamento de um quarto, com mais 15 pessoas e nove cães. É nos centros de acolhimento temporários que vão buscar comida.
Acabaram por conseguir fugir, mas a história de centenas de pessoas poderá não ter o mesmo final. Há mais de 600 pessoas oficialmente dadas como desaparecidas.
“Quero que compreendam o caos excecional a que temos de fazer face”, disse o xerife do condado de Butte, Korey Honea, para justificar o brutal aumento no número de desaparecidos.
No terreno estão 461 socorristas, auxiliados por 22 cães treinados para detetar odor a cadáver. Seguem de casa em casa, através dos escombros de Paradise, uma localidade totalmente devastada.
“A nossa missão é encontrar as vítimas deste incêndio, recuperá-las e identificá-las para informar os familiares e dar-lhes respostas”, indicou o responsável pelos inquéritos no seio da polícia de Butte, Steve Collins, à CNN.
Os sobreviventes enfrentam agora as más condições de centros de apoio improvisados, em que a elevada concentração de pessoas está já a provocar problemas sanitários, de acordo com jornais locais, que noticiam já várias infeções virais responsáveis por diarreias e vómitos.
“Estamos no meio de uma catástrofe”, afirmou o Governador democrata Jerry Brown.
A origem dos dois incêndios que lavram na Califórnia ainda não está oficialmente determinada. No entanto, várias vítimas do “Camp Fire”, o que lavra em Butte, apresentaram queixa contra o fornecedor local de eletricidade Pacific Gas & Electric, afirmando que foram as faíscas libertadas por uma linha de alta tensão que provocaram o início do incêndio.
A Califórnia tem enfrentado vários incêndios de grandes dimensões que fizeram mais de uma centena de mortos e queimaram centenas de milhares de hectares. Uma devastação acompanhada de uma seca severa que se prolonga há vários anos neste estado.