Dois ativistas tailandeses foram formalmente acusados de violência contra a rainha, uma das medidas mais graves aplicadas pelas autoridades de Banguecoque contra as manifestações pró-democracia.
A lei que protege a rainha de atos de violência é uma das mais severas do país.
Eckachai Hongkangwan e Paothong Bunkuenum foram presos no sábado e podem vir a ser condenados a penas que podem ir desde 16 anos de prisão até prisão perpétua.
A medida judicial contra os dois ativistas foi aplicada enquanto decorrem protestos que exigem a realização de novas eleições, alterações constitucionais que protejam direitos, liberdades e garantias e reformas que enquadrem a o Estado monárquico nas normas democráticas.
Na terça-feira à noite, cerca de 10 mil pessoas manifestaram-se no centro de Banguecoque contrariando a proibição decretada pelas autoridades que impuseram o Estado de Emergências para proibir os protestos.
O primeiro-ministro da Tailândia rejeitou já hoje a possibilidade de se demitir, apesar da crescente pressão dos protestos, que regressam às ruas de Banguecoque esta tarde (manhã em Lisboa) para exigir reformas democráticas no país.
Prayut Chan-ocha, que apareceu perante a imprensa pela primeira vez desde a declaração de estado de emergência adotada na quinta-feira de manhã, garantiu que os manifestantes detidos, incluindo vários líderes dos protestos, não serão libertados, como têm exigido os manifestantes.
"A declaração do estado de emergência serve para tornar o país mais seguro e pacífico. Quero pedir a todos que, a partir de agora, não infrinjam a lei", disse Prayut.
Conhecido por ter um feitio violento e agressivo, o primeiro-ministro disse que, por enquanto, não está a pensar impor um recolher obrigatório, mas admitiu que isso pode ser uma opção se os protestos continuarem.
Para a manifestação de hoje, foram incrementadas medidas policiais, nomeadamente barreiras nas principais vias de acesso à cidade.
O movimento de defesa de direitos humanos Thai Lawyers disse que pelo menos 51 pessoas foram presas, desde quinta-feira, por envolvimento nos protestos.
Ecachai é um destacado ativista político tailandês que já foi vítima de vários ataques físicos, sobretudo pelas críticas contra as autoridades militares.
Paothong é um estudante universitário que tem estado envolvido na organização de protestos no país.
Os dois estão alegadamente envolvidos num incidente pouco habitual no país e que visou a família real.
Imagens de vídeo que estão a circular nas redes sociais mostram um grupo de pessoas a cercar a comitiva automóvel em que seguia a rainha Suthida e o príncipe Dipangkorn em Banguecoque.
As forças de segurança interpuseram-se entre a comitiva oficial e os manifestantes, mas não são visíveis os atos de violência descritos pela polícia e por "testemunhas" ouvidas pelas autoridades.
O incidente ocorreu durante uma marcha de protesto que se dirigia para a sede do governo liderado por Payuth Chan-ocha.
Na mesma altura, o rei Maha Vajiralongkorn e outros membros da família real dirigiam-se para uma cerimónia religiosa no Palácio Real.
Na altura a comitiva em que seguia a rainha cruzou-se com uma pequena multidão que se dirigia para a sede do governo.