Dois mortos e vários feridos junto à fronteira entre Brasil e Venezuela

por RTP
Ricardo Moraes - Reuters

Vários soldados venezuelanos abriram fogo esta sexta-feira contra um grupo de civis que tentava assegurar a passagem de ajuda humanitária na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Há registo de pelo menos dois mortos e seis feridos. Quatro militares venezuelanos ficaram sob custódia de um grupo de indígenas, avança a agência Venepress.

A agência venezuelana dá conta de pelo menos duas vítimas mortais na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, após um confronto entre militares e um grupo de indígenas, mais concretamente um grupo de voluntários que tentava assegurar a passagem de ajuda humanitária para o país.

De acordo com a Venepress, quatro elementos do Exército venezuelano ficaram sob custódia do grupo de indígenas.

Outros meios de comunicação confirmam apenas uma vítima mortal, desde logo o Washington Post, que avança com a confirmação de pelo menos uma vítima mortal. Trata-se de Zorayda Rodriguez, uma mulher de 42 anos que pertencia à comunidade indígena de Kumarakapay, do lado venezuelano da fronteira. Há registo de 12 feridos, três em estado grave.

"Quando os voluntários tentaram bloquear a passagem dos veículos militares, os soldados começaram a disparar as suas espingardas de assalto, ferindo pelo menos 12 pessoas, quatro delas com gravidade. Uma mulher de 42 anos, Zorayda Rodríguez, foi assassinada", relata o jornalista norte-americano Anthony Faiola.

De acordo com o Post, um grupo de 30 indígenas continuou o protesto após os disparos e raptou os militares.

Deputados da oposição do Estado venezuelano de Bolivar (sul), na fronteira com o Brasil, afirmaram também que os confrontos fizeram pelo menos 15 feridos, todos com ferimentos de bala.

Segundo escreveram os deputados Américo de Grazia e Ángel Medina na rede social Twitter, há três pessoas com ferimentos graves.

Segundo a agência Efe, a mulher que morreu era uma vendedora de empanadas que estava na zona onde ocorreu o confronto entre a comunidade indígena e os militares venezuelanos.

Américo de Grazia identificou num tweet a segunda vítima mortal, identificado como Rolando Garcia, dos pomones em Kumarakapay.

Os ativistas em causa pertencem à tribo indígena de Pemones, que apoia a oposição a Nicolás Maduro e a entrada de ajuda humanitária naquele país, incluindo a que chega dos Estados Unidos.
"Decidam" apela Guaidó aos militares
O autoproclamado Presidente da Venezuela, Juan Guaidó, dirigiu-se entretanto aos militares, através da rede Twitter, recomendando-lhes que "decidam de que lado estão".

"Escolham como querem ser recordados", escreveu Guaidó.


Noutro tweet, Guaidó alerta os comandantes da guarnição da fronteira onde ocorreram os incidentes, quanto à sua responsabilidade no sucedido. E exige-lhes que apontem os responsáveis pela "repressão e assassínio dos irmãos pemones".

Tiveram início entretanto dois concertos, um pró Guaidó, um live-aid organizado pelo milionário da Virgin, Richard Branson, e outro pró-Maduro, como relata o enviado especial da RTP, Helder Silva.

O prazo dado por Guaidó para a entrada da ajuda humanitária na Venezuela termina este sábado. O Presidente da Assembleia Nacional prometeu que esta iria entrar "custasse o que custasse".

(em atualização)
pub